Setor imobiliário brasileiro não corre risco de passar por crise como a dos EUA, afirma associação

19/08/2007 - 11h43

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil está livre de passar por uma crise no setor de créditoimobiliário semelhante à que ocorre atualmente nos Estados Unidos, segundo o superintendente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José pereira Gonçalves, em entrevista à Agência Brasil. "Osmercados de crédito brasileiro e americano são muito diferentes", diz Pereira. Ele explica que o Brasil utiliza, para financiamento dacasa própria, recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)e da poupança, "que são bastante seguros e atualmente têm recursos emabundância para ser aplicados".Nocaso norte-americano, o imóvel é financiado com dinheiro do mercadosecundário, em que os bancos emprestam o dinheiro e transformam essa divida em títulos vendidos aoutras instituições. A crise estourou porque uma grande quantidade de empréstimos foram feitos no grupo do subprime, de altíssimo risco, com tomadores que não são obrigados a apresentar documentos queassegurem o pagamento da dívida, como comprovante de renda. Muitas pessoas e grupos com histórico ruim de pagamentofazem parte desse mercado. Como as taxas de retorno são bastanteelevadas, investidores mais ousados acabam apostando nos papéis ofertados nosubprime. NoBrasil, ao contrário, além de o processo incluir aexigência de várias garantias, o crédito imobiliário não passapelo mercado secundário. "Nosso sistema não tem nada a ver com essemodelo", afirma Pereira Gonçalves. "O nosso mercado de crédito é umacoisa mais estável, por isso não estamos observando nenhumapossibilidade de qualquer impacto da crise americana."AAbecip mantém as projeções para o setor, neste ano, de que o volume deoperações contratadas com recursos das contas de poupança no SistemaBrasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somando R$ 15 bilhões, o querepresentaria crescimento de 60% em relação a 2006. Até julho, o volumecontratado totalizou R$ 8,525 bilhões, superando em 71,81% o volumecontratado no mesmo período de 2006.