Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Familiares das vítimas do acidente com o Airbus A320 da TAM contestaram hoje (16), em encontro com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, em São Paulo, a falta de 23 minutos nas gravações das caixas pretas da aeronave.Segundo Cristophe Haddad, pai de uma das vítimas, a transcrição obtida pelos familiares não traz informações sobre 23 minutos de diálogos entre os pilotos e a torre de controle, durante o período de aproximação da aeronave ao aeroporto. Haddad ressaltou que os familiares não têm certeza se nesses 23 minutos, de fato, não houve diálogos, ou se as conversas foram ocultadas. “A gente quer esses 23 minutos. Até porque a aproximação não pode ser algo tão irrelevante”, disse. O ministro afirmou que vai analisar a contestação: “Deram-me essa notícia e nós estamos examinando o assunto. Agora, não posso fazer afirmações sobre aquilo que está objeto de inquérito”. Jobim ainda ouviu de familiares reclamações sobre o tratamento que vêm recebendo da TAM, como a exigência de participação de um advogado na negociação para os familiares receberem o seguro obrigatório. O valor estipulado do seguro também foi considerado defasado pelos familiares.“Eu acho que a empresa aérea tem que se pronunciar rapidamente. A gente não tem que procurar um advogado para receber um seguro, que é obrigatório. Esse seguro já era para ter sido depositado na conta de todo mundo. A gente vê que tem muita gente passando por dificuldade financeiras em função dessa tragédia, que não é culpa nossa”, disse Luiz Fernando Moisés, irmão de uma das vítimas.Em nota divulgada na noite de hoje, a TAM informou que as ações da empresa na assistência aos familiares "excedem às determinações da norma IAC 200-1001, de 2005, que regulamenta o plano de assistência às vítimas de acidente aeronáutico e apoio a seus familiares".A empresa afirma ainda que seguirá todas as diretrizes internacionais estabelecidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apólices de responsabilidade civil.