Terremoto no Peru tem efeitos na Amazônia brasileira

16/08/2007 - 20h49

Lílian Amorim, Leandro Martins e Gilberto Costa
Repórteres da Radiobrás
Brasília - O terremoto ocorrido na noite deontem (15) no Peru às 20h40(horário de Brasília) foi sentidoem alguns pontos dos estados da Região Norte do Brasil. Em RioBranco (AC), a Defesa Civil registrou a ocorrência de tremoresna ponte metálica e na ponte de concreto sobre o Rio Acre e emdois prédios com mais de dez andares.Em Porto Velho (RO), o Corpo deBombeiros foi chamado para fazer inspeção em doisprédios de 12 andares no centro da capital e no bairro deOlaria. Em Manaus, no Amazonas, a cerca de 1.800 quilômetros dedistância de Lima (capital do Peru), o Corpo de Bombeirosrecebeu sete solicitações de inspeção aedifícios e de socorro a pessoas presas em elevadores nomomento do tremor.Segundo os bombeiros, este éo terceiro ano consecutivo em que se observam tremores em Manaus. Emjulho passado também foi verificado tremor na divisa doAmazonas e do Acre.Apesar desses episódios,especialistas avaliam que a região Amazônica nãoé propícia a grandes abalos sísmicos. “Nósestamos em uma região, aqui na Bacia Amazônica, deplataforma sedimentar. Lá [no Peru] é uma áreade afloramento cristalino de movimentação tectônica”,explica o professor Raimundo Muniz Penha, chefe do Departamento deGeografia da Universidade Federal do Acre.O geofísico Jorge SandiFrança, do Observatório Sismológico daUniversidade de Brasília, acrescenta que o territóriobrasileiro está em sobre um ponto chamado de “intraplaca”.“É uma região em que não há muitocontato entre placas” diz. Segundo ele, trata-se do contráriodo que ocorre na costa oeste da América do Sul.“Terremotos são produtos daacomodação de camadas internas da crosta [terrestre]”,explica o professor Raimundo Muniz Penha. “Quando essa acomodaçãoocorre, emite vibrações para a terra e produz tremoresintensos.”A acomodação se dá apóso movimento de placas tectônicas, quando a placa mais densamergulha sob a outra. No caso de ontem, a Placa Nazca (da Cordilheirados Andes) e a Placa Sul-Americana (mais densa, sobre a qual estáo Brasil) estavam em atividade sísmica.A SecretariaNacional de Defesa Civil, do Ministério da IntegraçãoNacional, anunciou o envio de 46 toneladas de alimentos para asvítimas do terremoto no Peru.Serão distribuídas cestas dealimentos compostas por 22 itens, entre eles, arroz, feijão,açúcar, leite em pó, macarrão, óleoe farinha. De acordo com a secretaria, o pedido de ajuda foi feitopelo governo do Peru ao Ministério das relaçõesExteriores (Itamaraty).