Lula defende Cabral de vaias em escola técnica

16/08/2007 - 16h12

Ana Paula Marra*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje o governador do Rio de Janeiro,Sérgio Cabral, que reagiu contra a platéia ao servaiado na cerimônia de inauguração de um centro de ensino técnico federal no interior do estado. Vítima de vaias na abertura dos Jogos Pan-Americanos, há cerca de um mês, na capital fluminense, Lula havia sido defendido por Cabral.“Antes de eucumprimentar o povo de Campos, eu queria dizer a você, Sérgio. Vocênunca mais fique nervoso com o pessoal que protestar. Sabe por quê?Porque esse pessoal é tão jovem e tão desprovido de consciênciapolítica que eles vêm protestar com o nariz de palhaço, quando opalhaço é uma coisa alegre, é uma coisa fantástica", disse Lula, em Campos dos Goytacazes(RJ), durante a inauguração da Unidade de EnsinoDescentralizada (Uned) Guarus. A cidade é reduto eleitoral dos ex-governadores do Rio Anthony e Rosinha Garotinho. "Eles precisariamarrumar uma outra coisa para protestar porque daqui a pouco vai haverum movimento dos palhaços que são a alegria de milhões de criançascontra o comportamento essa gente.”“Analisemo que eu e este companheiro [Sérgio Cabral] fizemos em setemeses. E analisem o que foi feito neste estado nos últimosoito anos. Sabem por quê? Porque este homem é um homemde bem. Não é um homem de preconceito. Não éum homem que está governando o Rio pensando na próximaeleição", continuou Lula."Ele [Cabral] sabe, pela formação que tevedo pai e da mãe, que tem que governar o Rio pensando emcumprir tudo aquilo que ele prometeu quando estava disputando aseleições. E é por isso que ele não pensano que vai acontecer depois de 2010, porque a mesquinharia pensaisso. Teve um outro aí que só pensava isso, que nãoqueria conversar, que não queria negócio, era ódiopra tudo quanto é lado, e com ódio a gente nãovai a lugar nenhum”, completou o presidente. Lula voltou a falar da prioridade de seu governo de investir emeducação. Ele também criticou governantes dopassado por não terem dado oportunidade às pessoasmenos favorecidas. “A minha única preocupaçãoé que muitas vezes as pessoas que governaram este país,por terem tido todas as oportunidades que a vida lhes ofereceram, porter herdado do pai ou da mãe sem muito sacrifício o queeles tiveram, eles ganharam as eleições e se esqueceramque tinham de dar para o povo pobre desse país asoportunidades que eles receberam de outros governantes. Eles seesqueceram do quanto é sagrado para a independência deum ser humano a profissão”, disse. Emseu discurso, o presidente também comparou a política aum time de futebol. “Política é como time de futebol.O jogador que está no banco na reserva fica sempre torcendopra que aconteça alguma coisinha com o que está jogandopara ele entrar. Os políticos que estão fora, os tal daoposição, ficam torcendo para você não dácerto, o que é uma desgraça, porque quando ele torcepra gente errar, quem perde é o povo. Ele tem que torcer épra gente acertar, pra gente fazer o melhor”.AUned Guarus, vinculada ao Centro Federal de EducaçãoTecnológica (Cefet) de Campos, contou com R$ 2,8 milhõesdo governo federal para obras de infra-estrutura e tem capacidade paraatender 1,2 mil alunos. A unidade está voltada para o ensinotécnico nas áreas da indústria naval e de saúde,com cursos de eletrônica, enfermagem e farmácia,respectivamente.Segundoinformou o Ministério da Educação,as Unidades de Ensino Descentralizadas são escolas com sedeprópria, mas vinculadas administrativa, pedagógica efinanceiramente a uma outra escola, geralmente a um Cefet. Atualmente, há 69Uneds no País, vinculadas a 33 Cefets, que oferecem graduaçãoe pós-graduação na área tecnológica,além de cursos de formação pedagógica, denível básico, técnico e de ensino médio. O diretor da Uned Guarus, Leandro Souza Crespo, negou, em entrevista à Agência Brasil, que os manifestantes (segundo ele, "no máximo, cinco pessoas") fossem vinculados às unidades de ensino técnico da cidade. "Não são estudantes nem funcionários do Cefet", disse. De acordo com o diretor, os jovens, que usavam narizes de palhaço, foram reconhecidos como alunos da Universidade Estadual do Norte Fluminense, e não se tratava de um protesto com motivos declarados.