Parentes denunciam sumiço de pertences de vítimas do acidente do vôo 1907

06/08/2007 - 22h04

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A diretora daAssociação de Familiares e Amigos das Vítimas doVôo 1907, Luciana Siqueira, confirmou hoje (6) à AgênciaBrasil que parte dos parentes das 154 pessoas que morreram abordo do Boeing 737-800 da Gol, em setembro de 2006, reclamaram dosumiço de documentos e objetos pessoais das vítimas. Segundo Siqueira, desdeo acidente os parentes pediam que a Aeronáutica tomasseprovidências a fim de impedir que os pertences pessoais caíssemnas mãos de estranhos. Ela diz que, na época, aassociação preferiu não denunciar publicamente ofato por considerar que ainda não havia indíciossuficientes de furto dos objetos. Ouvidos, os órgãos envolvidos na busca e a empresa negaram ter responsabilidade pelo problema.No mês passado,no entanto, um falsário usou documentos de uma das vítimaspara comprar um carro de cerca de R$ 20 mil numa concessionáriade Brasília. "Decidimos que precisávamos colocarisso na imprensa para que alguma autoridade se responsabilize e tomeuma posição", diz a diretora.Ela conta terestranhado que objetos de estimação de seu irmão,Plínio Luiz de Siqueira Júnior, 38 anos, nãotenham sido encontrados com o corpo. Segundo Luciana Siqueira, seuirmão usava uma corrente de ouro com um crucifixo desde os 15anos. "Foi um presente da nossa mãe e ele não atirava nunca, até porque ela era difícil de tirar. Eletambém usava relógio e nada foi devolvido. Somente umacamiseta, um short e um par de sapatos".Apesar de váriosórgãos terem participado da busca, guarda e entrega dosbens, a entidade cobra uma resposta da Aeronáutica. "Naépoca do acidente, quem nos garantiu estar responsávelpelos corpos e pelo local foi a Aeronáutica”, diz adiretora. “Então, gostaríamos de uma resposta delasobre o que foi violado. Não nos importamos com o valormaterial dos bens, mas sim com a preocupação, desumana,de terem violado um corpo que já tinha sofrido um graveacidente."A cobrança, noentanto, não é uma acusação, de acordocom ela: "Ainda não podemos acusar ninguém.Estamos aguardando que alguém se manifeste, mas gostaríamosque fosse feita uma inspeção para definir asresponsabilidades".Luciana Siqueira tambémconta que, em 28 de maio deste ano, a associaçãoentregou ao ministro da Justiça, Tarso Genro, uma cartarelatando as suspeitas. “Ele ficou de averiguar os fatos, mas aindanão recebemos nenhuma resposta”, diz.Procurado, o ministérionão deu retorno à reportagem.