Alex Rodrigues*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Nenhum dos entes envolvidosnas buscas, guarda ou entrega dos pertences pessoais das vítimasdo vôo 1907 da Gol nega as acusações de queobjetos e documentos tenham se extraviado, mas tanto o Comando daAeronáutica quanto o Ministério Público doDistrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Gol TransportesAéreos divulgaram que não têmresponsabilidade pelo problema.A Aeronáuticaafirmou, em nota oficial, que entregou à Gol todo o materialrecolhido na floresta após o acidente, ocorrido em setembro de2006. Segundo a Aeronáutica, os pertences de maior volume,como malas, foram transportados para Cachimbo (MT) e catalogados pormilitares e funcionários da Gol. O texto informa que cerca de 1,6 tonelada de bagagem, das mais de4 toneladas embarcadas no vôo 1907, foiencontrada e entregue à companhia aérea, em Brasília,no fim da operação.De acordo com aAeronáutica, os objetos que ajudaram o Instituto MédicoLegal (IML) a identificar os passageiros foram transportados com os corpos nosaviões da Força Aérea Brasileira (FAB), emcâmara fechada, para Brasília, e aí encaminhadosao IML. “Mais tarde, o próprio IML encaminhou esse materialaos familiares”, informa o texto.A Aeronáuticadestaca que a missão envolveu mais de 800 pessoas e que, confirmada a ausência de sobreviventes, a finalidade principal dostrabalhos era localizar as vítimas. O texto acrescenta que,já nos primeiros dias após o acidente os militaresencontraram no local grupos de pessoas que não faziam parte daoperação e imediatamente os conduziram para fora daárea de busca. Além disso, após a queda doavião, os pertences teriam se espalhado por uma área dedifícil acesso, que não era passível de isolamento completo.Também em nota,a Gol informa que entre a data do acidente – 29 de setembro – e otransporte dos pertences para o Distrito Federal os objetos ficaramsob a responsabilidade da Aeronáutica. Só então,conforme informado, a empresa pediu ao MPDFT a apreensãoformal dos bens para, em cumprimento às normas, providenciar adesinfecção e a higienização dos objetos.Impossibilitada deidentificar os legítimos proprietários e sem saber aquem entregar os pertences, e obrigada a devolvê-los no prazode 15 dias, a empresa entregou-os ao MPDFT, que ficou responsávelpelos procedimentos legais para devolução dos objetos.Em nota divulgada hojepelo MPDFT, o promotor Diaulas Costa Ribeiro afirma que as queixasdos parentes das vítimas não se referem àatuação do Ministério Público, mas sim àetapa de resgate dos corpos e de pertences, sob a responsabilidade daAeronáutica.O promotor explica quecomeçou a coordenar as equipes do Instituto MédicoLegal, do Instituto de Identificação e do Instituto deCriminalística em 28 de novembro, dois meses após oacidente. E afirma que, além de os peritos não terementrado na mata, desde o momento em que receberam os corpos, naFazenda Jarina, tudo foi registrado e fotografado.Ribeiro confirma quetodos os objetos foram catalogados durante o processo de higienizaçãoe diz que foi justamente a divulgação das imagens dascentenas de pertences pela internet que permitiram que osfamiliares os identificassem. Segundo a nota, as pessoas quereconheceram itens como sendo de seus familiares e os requisitaramvia e-mail receberam tudo pelo correio.