TAM dobra jornada de funcionários e dá pouco tempo para manutenção, apontam sindicatos

31/07/2007 - 22h37

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os dirigentes do Sindicato Nacional dos Aeronautas e do Sindicato Nacional dos Aeroviários criticaram hoje (31) as políticas trabalhista e de manutenção de aeronaves da empresa TAM. A presidente do Sindicato dos Aeronautas (formado por comissários e pilotos), Graziella Baggio, disse ter recebido denúncias de que determinadas tripulações chegam a extrapolar em até seis horas a carga horária, o que significa dobrar a jornada de funcionários.“Isso é extremamente preocupante, porque a regulamentação é exatamente o que garante a segurança de vôo. Nós temos inúmeras denúncias em relação à empresa [TAM], já encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho. Tentamos com a empresa a regularização de várias situações, mas não foram colocadas em prática. Agora cabe a nós aguardar que a Justiça trabalhista tome as iniciativas necessárias”, disse.Segundo o sindicato, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) determina que a jornada dostrabalhadores do setor aéreo é de apenas seis horas, pelo nível deestresse a que são submetidos. Por isso, a extensãode horas de trabalho para essa categoria é proibida. A determinação estaria sendo desrespeitada pela TAM.O tempo curto para que os mecânicos façam trabalho de manutenção tambémé criticada pelo presidente do Sindicato dos Aeroviários de PortoAlegre (formado pelo pessoal de terra, incluindo atendentes emecânicos), Celso Klafke. Segundo ele, a TAM dá apenas 15 minutos parafazer a inspeção em quase 100 itens das aeronaves, quando elas pousam.“Qualquer um sabe que isso é pouco tempo. Alguma coisa eles [os mecânicos] não vão fazer nesses 15 minutos”.Klafke ressaltou que os mecânicos são bem capacitados, mas que o tempoideal para a manutenção em solo é de 30 a 45 minutos: “O ritmo a queeles são submetidos é desumano – muita pressão, muita responsabilidade,e isso ocasiona problemas".Graziella Baggio afirma que há uma indefinição na escala de vôo dos tripulantes, que têm suas vidas prejudicadas, pois não conseguem programar compromissos e isso gera uma grande carga de tensão: “Esse é um dos maiores fatores de estresse, pois não pode garantir o que se vai fazer durante a folga. Isso interfere na saúde e na qualidade do trabalho”.Ela também defendeu a criação de uma agência independente de investigação de acidentes, conforme projeto enviado ao Ministério da Defesa, em 2003.