Pequisa revela que indústrias brasileiras têm investido mais em inovações tecnológicas

31/07/2007 - 16h40

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As indústrias brasileiras estão investindo mais em inovação tecnológica. Em 2005, elas empregaram, em média, 2,8% do seu faturamento para inovar em produtos e processos, percentual acima dos 2,5% canalizados pelo setor em 2003.De acordo com a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec 2005), divulgada hoje (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também houve aumento de 8,4% no número de indústrias que registraram algum tipo de inovação, como o lançamento de um novo produto no mercado nacional ou internacional; a introdução ou o aprimoramento de processos ou ainda inovações na área organizacional.Segundo o IBGE, mesmo com a ampliação no número de indústrias inovadoras, a taxa de inovação (percentual de empresas que inovaram em relação ao número total de indústrias) permaneceu estável em 33,4% em relação a 2003, já que no período houve uma expansão maior ainda na criação de pequenas indústrias (com dez a 49 empregados) no país, que tradicionalmente inovam menos do que as médias e grandes empresas. Exceto no grupo das pequenas empresas, cuja taxa de inovação ficou em 28%, foi observada alta na atividade inovadora em todas as outras faixas de tamanho. Nas indústrias com mais de 500 empregados, o número chegou a 79,2%.Para a coordenadora da pesquisa, Mariana Rebouças, os resultados positivos na área de inovação são reflexos da recuperação da economia brasileira em 2005. "A decisão de inovar envolve risco, portanto é importante para o empresariado ter perspectivas favoráveis em relação ao ambiente macroeconômico. Entre 2003 e 2005 houve uma melhora deste quadro: ataxa de juros, ainda que permanecesse em patamar elevado, era bem inferior à de 2003; a inflação estava em declínio; cresceu o consumo das famílias e das importações e exportações. Todas essas condições estimularam as empresas a investirem mais", explicou.Ela ressaltou que, embora as fontes de inovação da indústria continuem sendo baseadas principalmente na própria empresa e em fornecedores, houve um aumento significativo (de 11,8% em 2003 para 16,0%) nas cooperações e parcerias, envolvendo universidades e institutos de pesquisa. Para Rebouças "isso mostra que toda política governamental de incentivo a essa aproximação das empresas com os centros de pesquisa para melhorar a inovação no país vem dando frutos".Das 33 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE, 21 tiveram aumento da taxa de inovação, com destaque para automóveis, camionetas, caminhões e ônibus (71,1%); máquinas para escritório e equipamentos de informática (69,2%) e equipamentos de instrumentação médico-hospitalar (68%). Entre os novos produtos frutos da inovação estão raio-X de coração, esquadrias que não enferrujam, cadeiras de rodas que conseguem deixar o paciente em posição vertical, tecidos que hidratam a pele e alimentos que já vêm com uma dosagem maior de nutrientes indicados para o tratamento de doenças.Segundo o IBGE, os esforços de inovação geraram mais difusão detecnologias do que novidades: 91% das empresas inovadoras incorporaramtecnologia existente para gerar novos produtos ou processos, que, noentanto, já existiam no mercado nacional ou internacional. Osgastos com inovação foram concentrados principalmente em máquinas eequipamentos (48,4%). O estado de São Paulo foi responsável por mais dea metade (55,6%)do investimento industrial em inovação em todo o país,reunindo 35,3% das empresas industriais inovadoras.Os principais obstáculos apontados pelos empresários para inovação foram custos elevados, riscos econômicos excessivos e a escassez de fontes de financiamento.O levantamento também investigou pela primeira vez a inovação em serviços de alta tecnologia: pesquisa e desenvolvimento, telecomunicações, informática. Nestas atividades a inovação chegou a 57,6%, ultrapassando o patamar registrado na indústria. Os destaque foram os segmentos de pesquisa e desenvolvimento (97,6%), consultoria em software (77,9%) e telecomunicações (45,9%).A Pesquisa de Inovação Tecnológica é realizada pelo IBGE em parceria com o com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia, e seus resultados servem de base para políticas públicas na área de desenvolvimento tecnológico.