Medidas tiram 20% dos vôos de Congonhas

31/07/2007 - 6h30

Luana Lourenço, Isabela Vieira e Aloisio Milani
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Um em cada cinco vôos que decolavam ou pousavam no Aeroporto Internacional de Congonhas, na capital paulista, será transferido para outros locais. A medida faz parte do conjunto de resoluções tomadas ontem (30) pelo Conselho de Aviação Civil (Conac). As decisões seguem a linha, iniciada em 20 de julho, de desafogar Congonhas, que operou 50% acima de sua capacidade ao longo do ano passado.O Conac transferiu 151 vôos dos 712 que operam atualmente em Congonhas, onde no dia 17 aconteceu o maior acidente aéreo do país. Aeroportos do interior de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba serão novos centros de distribuição de vôos.A redução seria feita sobre o total de 712 vôos autorizados diariamente hoje em Congonhas. O remanejamento é a implementação da diretriz geral adotada na primeira reunião do Conac, quando ficou decidido que Congonhas não seria mais um terminal de conexões e escalas, mas, sim, origem e destino de vôos "ponto-a-ponto". O prazo para a implantação das medidas se mantém, segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para 60 dias a contar de 20 de julho. Ou seja, até as mudanças precisam estar implementadas até o final de setembro.Durante entrevista em que anunciou o remanejamento de vôos do Aeroporto de Congonhas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, apresentou a proporção de localidades que têm vôos no terminal. Cerca de 23% são da ponte-aérea São Paulo-Rio de Janeiro; outros 23% com o conjunto de Brasília (9%), Confins (6%), Curitiba (8%); cerca de 10% dos vôos programados para o interior paulista; e quase a metade (44%) de outras localidades, de onde deve sair a maioria dos vôos remanejados.Veja a seguir um resumo das mudanças:

  • Aeroporto de Curitiba servirá de conexão para vôos até a Região Sul;
  • aeroportos do interior paulista e de Brasília farão conexão para o Centro-Oeste;
  • Aeroporto de Brasília também fará conexões para o Norte;
  • Aeroporto do Galeão fará conexões para Nordeste, Europa, América do Sul e do Norte;
  • Aeroporto de Confins também terá conexões para o Nordeste;
  • Congonhas manterá os vôos da ponte-aérea para o Rio de Janeiro especificamente para o Santos Dummont.

Também serão reduzidos os vôos de jatos fretados, com transferência para Jundiaí. O Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, opera com capacidade ociosa de 683 vôos por dia, segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Por isso, o aeroporto tem capacidade para receber linhas que partiam de Congonhas, sem haver sobrecarga, segundo o ministro.O conselho também quer desocupar áreas que estão em posse de empresas falidas e sondar o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar aviões de pequeno porte, mais convenientes para vôos de curta duração. Jobim prometeu procurar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para saber se é possível unificar a alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do querosene, para reduzir custos de empresas aéreas.O Conac também decidiu criar um comitê de assessoramento para planejar e monitorar a implementação das mudanças na malha aérea brasileira. Entre os membros do comitê estão a Anac, a Infraero, especialistas da aviação convidados pelo governo e Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), do Comando da Aeronáutica.O conselho também criou uma estrutura própria, para aumentar a "envergadura" de seu poder, segundo Jobim. Em 15 dias, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) devem montar um relatório sobre as mudanças.