Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Representantes de entidades governamentais e de movimentos sociais da capital e do interior definiram hoje (19) as propostas que o estado levará à Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que se realizará em agosto, em Brasília. Nos dois últimos dias, a conferência estadual discutiu, entre outros temas, os direitos das mulheres ligados à educação, saúde e trabalho, além da violência contra a mulher.A presidente do Conselho dos Direitos da Mulher no estado, Graça Prola, destacou que negros e indígenas ganharam espaço, no encontro, para apresentação de suas demandas: "Essa conferência contou com delegados provenientes deum amplo processo de mobilização estadual que ocorreu nas conferênciasregionais, na calhas dos rios e nos municípios do Amazonas, nos últimos meses. O movimento negroe o indígena têm propostas inerentes ao segmento e à etnia, que não deixaram de ser apresentadas por aqui também".Na abertura da conferência estadual, ontem (18), a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticaspara as Mulheres, apontou a violência como um dos principais problemas enfrentados pelasmulheres, mas ressalvou que "um modo de combater isso é a política nacional implementada pelo governo federal". Ele lembrou também a discussão sobre a ampliação dos espaços de poder para as mulheres: "Nossa representação no Congresso Nacional, por exemplo, é de apenas8,96%, numa democracia onde 51% são mulheres. Isso não pode ser a nossarepresentação".De acordo com Catarina Saldanha, da Delegacia da Mulher, somente a capital amazonenseregistra uma média de 800 casos de violência física contra mulheres."O aspecto cultural ainda é o principal estimulante da violência. Éclaro que as drogas lícitas e ilícitas contribuem para isso, mas nagrande maioria dos casos observamos que a violência é fruto dacrueldade nua e crua. A bebida, por exemplo é apenas um componentedesse triste cenário e uma prova disso é que um homem embriagado nãorasga dinheiro nem bebe soda cáustica", enfatizou.Também foi discutida na conferência estadual proposta para a elaboração deum banco de dados virtual sobre a mulher, com dados que poderão contribuir para a formulação de políticaspúblicas de apoio.