Moradores vizinhos a Congonhas não abrem mão de ter aeroporto no "quintal", relata representante

19/07/2007 - 19h18

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os moradores dos arredores do Congonhas têm, sim, algum medo deconviver com o aeroporto, porém sua preocupação maior é com o sonoperdido quando aviões pousam de madrugada, relata a presidente daAssociação dos Moradores de Moema, Lygia Horta.Segundo ela, os habitantes da região não abrem mão de ter um aeroporto "no quintal de casa". “Um medinho a gente tem. Medo de que o avião caia em cima dacasa da gente. Mas também não é assim essa loucura, essa neurose”,afirma ela, que vive no bairro há 53 anos. Horta participou das trêsaudiências públicas convocadas pela Agência Nacional de Aviação Civil(Anac), este ano, para discutir questões relativas ao aeroporto deCongonhas. Em todas as reuniões, ela apresentou as reclamações sobre ofuncionamento noturno do aeroporto, que estaria prejudicando o sono dosmoradores. “Sono é uma coisa necessária”, diz ela. “E eles impedemisso.”Esse problema com o funcionamento do aeroporto à noite, segundoHorta, teria começado com a criação da Anac, em 2005. “PeloDepartamento de Aviação Civil (DAC) nós tínhamos uma portaria queregulava isso. E obedeciam. Com a Anac, começaram a anarquizar tudo.” Hortaconta que a associação já chegou a solicitar o fechamento total doaeroporto em 1987, mas a decisão final foi de que “não se poderiaextinguir o aeroporto de Congonhas porque grande parte da populaçãodaqui (do bairro de Moema) é de empresários, pessoas que viajam muito,e eles achavam que sair daqui do bairro para ir até Cumbica para pegarum avião, quando há um aeroporto aqui no quintal da casa deles, éabsurdo”.“Ficou estipulado que o aeroporto não deve sair daquiporque é um aeroporto urbano e central”, explica Horta. Para ela, oaeroporto deveria ser fechado temporariamente “para fazer uma reformade verdade”. “Para fechar definitivamente infelizmente não vai dar.Enquanto não tiver mais um aeroporto na região de São Paulo não vai darpara pensar nisso”. Horta diz ter considerado “excelente eideal” a medida tomada hoje (19) pelo Ministério Público de pedir ofechamento do aeroporto. “Só espero que, se fizerem uma grande reformano aeroporto, que não seja para colocar mais companhias aéreas e maistráfego. Tem que diminuir o tráfego aéreo do aeroporto e tem quediminuir o tamanho dos aviões”, reclama ela. Questionada sobrequal seria a situação ideal de funcionamento do aeroporto, Hortarespondeu: “Com menos tráfego aéreo, com aviões de porte menor esobretudo, respeitando o repouso noturno dos moradores que moram noentorno que são cerca de 1 milhão, mais ou menos”.