Governo e agricultores não chegam a consenso em reunião sobre dívidas

19/07/2007 - 6h59

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Organizações representativas depequenos agricultores e assentados da reforma agrária pediram,ontem (18), a representantes dos Ministérios da Fazenda e doDesenvolvimento Agrário a renegociação dedívidas adquiridas por meio de linhas de crédito como oPrograma Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).Os números do débito da agricultura familiar, noentanto, não representam um consenso entre o governo e osmovimentos do campo, e uma nova reunião foi marcada paradiscutir a questão na quinta-feira (26).Os agricultores e assentados apontam, como causasdo endividamento, a queda dos preços de produtos agrícolascomo o feijão e o milho, a falta de projetos adequados àsrealidades regionais e as alterações no clima sãoresponsáveis pela dívida de pequenos agricultores eassentados da reforma agrária em todo o país.“Somente no ano passado foram três secassucessivas nas Regiões Sul e Centro-Oeste e outros problemasno Nordeste. Neste momento, o Piauí, por exemplo, passa porproblemas de secas seriíssimos”, disse o diretor de PolíticaAgrícola da Confederação Nacional dosTrabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris.De acordo com os cálculos do Movimento dosPequenos Agricultores (MPA), a dívida do setor pode chegar aR$ 13 bilhões, resultado de safras anteriores a 2005. "Otrabalhador do campo não diferencia a dívida de cadaano", disse Maria José da Costa da coordenaçãodo o MPA. “Ele sabe que deve ao banco e precisa pagar. Mas com arenda atual, não tem como honrar esse volume de dívida”,acrescentou.O MPA, em parceria com outras entidades sociais,pede uma solução para o problema à médioprazo. Entre as propostas, a redução de juros e bônusde adimplência. “Não queremos rolar a dívida esim alternativas como novos créditos para a sustentabilidadeda agricultura familiar", enfatizou Antoninho Rovaris, daContag.Durante a reunião de ontem, somente o Bancodo Brasil (BB) apresentou cálculos concretos. O Banco do Nordeste(BN) e o da Amazônia (Basa), que também concedemfinanciamento, divergem dos dados levantados pelos agricultores. O Ministério do Desenvolvimento Agrárioinformou que não vai se pronunciar sobre o andamento doprocesso de negociação.