Paraguai aceita sobretaxar confecções e calçados importados

10/07/2007 - 14h14

Petterson Rodrigues e Paulo Montoia
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo - O governo do Paraguai aceitou elevar para 35% os impostos sobre confecções e calçados importados de países fora do Mercado Comum do Sul (Mercosul). A informação foi dada hoje (10), em São Paulo, pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. A rodada de conversações foi encerrada ontem (9) em Assunção.“Foi acertado que o Paraguai aceitará os 35% propostos”, afirmou Miguel Jorge. “O Paraguai não fez nenhuma exigência”, acrescentou o ministro, referindo-se à possibilidade de o governo do país vizinho atrelar a aceitação dessa tarifa a uma revisão do acordo bilateral relativo à Hidrelétrica de Itaipu. “Não tem nada a ver com Itaipu. Itaipu é com outro ministério”, enfatizou. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, informou que o acordo não abrange ainda a importação de tecidos. Segundo Ramalho, os dirigentes da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados ( Abicalçados) e da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) fizeram uma exposição bastante ampla na União das Indústrias do Paraguai sobre os setores de calçados e confecções do Brasil. "E eles [paraguaios] compreenderam as dificuldades que os dois setores enfrentam hoje, principalmente em relação ao crescimento das importações asiáticas, e concordaram que, de fato, os dois setores merecem, nesta fase, uma proteção tarifária adicional e resolveram aprovar o aumento de 35% para confecções e calçados. Tecidos, apenas, foi que eles pediram um pouco mais de tempo para examinar, porque a indústria do Paraguai importa tecidos e não produz tecidos”, explicou. A alíquota de 35% é a mais elevada Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. Em abril deste ano, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) brasileira aumentou de 20% para 35% a tarifa de importação sobre calçados e confecções, para ajudar a indústria nacional a enfrentar a concorrência de produtos importados com baixo custo e a desvalorização cambial do dólar, que encarece os artigos brasileiros e tira competitividade nas exportações. Para entrar em vigor, a medida da Camex precisa ser aprovada pelo Conselho do Mercado Comum, e o Paraguai foi um dos países a rejeitá-la, no final de junho.Miguel Jorge disse que agora o governo prepara gestão semelhante de conversações com o Uruguai. O ministro participou, em São Paulo, da abertura da 29a Feira Internacional de Calçados, Acessórios de Moda, Máquinas e Componentes (Francal), no Pavilhão de Exposições do Anhembi. De acordo com a assessoria de imprensa do evento, a feira reúne mil expositores e poderá receber até 60 mil profissionais do Brasil e de mais de 100 países. Segundo os organizadores, o Brasil tem mais de nove mil indústrias no setor de calçados e é o terceiro produtor mundial, atrás apenas de Índia e China.