Bailarinos de comunidades carentes do Rio se apresentam pela primeira vez em Brasília

07/07/2007 - 9h26

Luziane Ximenes
Da Agência Brasil
Brasília - Depois deoito anos de preparo técnico e de muita disciplina, um trabalho que envolve mais de cinco horas de ensaio por dia, osbailarinos do Projeto Dançando para Não Dançarestão com o corpo preparado para executar os movimentos suaves e precisos que caracterizam o balé clássico.

A companhia oficial do projeto é formada por 18 adolescentes de comunidades carentes de Rio de Janeiro. Ela nasceu em 1995, inspirada no Balé Nacional de Cuba.

Pela primeira vez, os bailarinos se apresentam em Brasília. O espetáculo 'Grabriela, ritmos amados' será mostrado hoje (7) e amanhã, no Teatro Nacional, com entrada gratuita. Apósas apresentações, o grupo segue para São Paulo eSalvador.

Ao todo, o projeto abriga 480 jovens de 12 comunidades do Rio. Em cadauma dessas localidades há um núcleode dança criado em parceria com as associaçõesde moradores, ou seja, os adolescentes não precisam sair de suas comunidades para desenvolver o trabalho artístico.

"É fundamental a gente estar dentro das comunidades, isso já é um tipo de inclusão social. Há umaintegração entre as crianças e a equipe que faz parte do projeto”, diz a diretora dacompanhia, Thereza Aguilar.

Segundo ela, o objetivo do projeto é desenvolver a cidadania nos adolescentes e formar profissionais de dança, gerando renda e mercado de trabalho.

"Ao mesmo tempo em que se estáformando bailarinos e inserindo-os no mercado de trabalho, o projetofortalece essas crianças para uma inclusão social”, acrescenta o diretor artístico da companhia, Paulo Rodrigues.

Eleexplica que os jovens também têm suporte sócio-educativo - com aulas de reforço-escolar e informática - assistência médica e ortodentária, alémde acompanhamento psicológico e fonoaudiólogo.

Nos 12 anos de existência, a companhia encaminhou mais de oito alunos para especialização no exterior. A bailarina Ingridi dos Santos Oliveira é uma delas.

Moradora do Morro da Mangueira, ela entrou como aluna no Dançamos para Não Dançar há 10 anos e hoje é professora de balé. Em agosto, embarca para Nova Iorque (Estados Unidos), onde participa de umaprova de seleção de balé clássico.

“Pretendodançar muito. Com essa oportunidade de sair do país,pretendo estudar muito para passar toda a minha experiência às outras meninas que estão começando. Quero dar continuidade ao projeto”.