Governo não vai incentivar nem constranger CPI da Operação Navalha, diz ministro

04/06/2007 - 21h11

Ana Paula Marra*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Secretaria de RelaçõesInstitucionais, Walfrido dos Mares Guias, voltou a afirmar que oExecutivo não vai interferir no sentido de barrar a comissãoparlamentar mista de inquérito (CPMI) no Congresso Nacionalpara investigar as denúncias da OperaçãoNavalha, deflagrada recentemente pela Polícia Federal.“A gente já tem uma posiçãode que o governo não incentiva CPI por uma razão muitosimples: porque as orientações delas são parafustigar o governo. Mas é um direito, por outro lado, que osdeputados têm, inclusive os da base aliada. Portanto, nósnão vamos constranger ninguém no sentido de pedir pararetirar assinaturas”, comentou o ministro.Ele acrescentou, no entanto, que parlamentaresprecisam avaliar se, de fato, a criação da CPI daOperação Navalha será necessária. “Ainstalação de uma CPI tem de ser meditada, afinal decontas, tudo que se quer saber, a Polícia Federal jásabe, tanto é que fez a Operação Navalha. Então,qualquer informação adicional provavelmente seráde pouca eficácia, mas a nossa postura é a nãointerferência”.Para uma CPI mista ser instalada no Legislativo,são necessárias as assinaturas de 171 deputados e 27senadores. No Senado, já foi possível reunir asassinaturas mínimas para a instalação docolegiado.Ao ser indagado se o filósofo RobertoMangabeira Unger, vice-presidente do PRB, assumiria ou não aSecretaria Especial de Ações de Longo Prazo, Mares Guiarespondeu: “Não houve, entre eu e o presidente Lula,nenhuma reunião dessa natureza para tratar deste assunto.Então, eu não posso falar nada mais do que eu sei pelaimprensa”. E acrescentou: “Se houve algum adiamento da posse deveser por conveniência dele [Mangabeira Unger] ou dopresidente, que chega de viagem no dia 10 de junho”.O ministro de RelaçõesInstitucionais, no entanto, elogiou Roberto Mangabeira Unger: “Ele éuma pessoa altamente qualificada. É um homem de notóriosaber. É um brasileiro que luta para poder ajudar o Brasil,então, tem contribuição relevante a dar aoBrasil e ao governo. O fato dele ter tido esta ou aquela posiçãono passado não significa que ele eventualmente nãopossa revê-la”.A imprensa noticiou na última semana queMangabeira Unger não assumiria mais a secretaria especial porcausa de um processo que ele teria movido contra a Brasil Telecom,empresa de telefonia que tem fundos de pensão estatais comoseus principais acionistas.Pela manhã, O presidente em exercício, José Alencar, informou que indicou o nome do professor para ocupar uma pasta no governo por ser ele "um homem altamente habilitado", citando tratar-se de uma pessoa bem nascida, de família tradicional da Bahia e que "há 40 anos é professor titular da Universidade de Harvard". Além disso, lembrou que ele pertence a seu partido.Alencar respondeu a uma pergunta sobre a entrada ou não deMangabeira Unger para o governo. Diante da insistência dajornalista, Alencar se restringiu a dizer em inglês que nãosabia.Sobre as declarações do presidente da Venezuela, HugoChávez, a respeito do Congresso brasileiro, o ministroWalfrido dos Mares Guia disse acreditar que o assunto não devese estender, mas destacou que a liberdade da imprensa é um dosfatores essenciais para consolidar a democracia. “Uma imprensalivre, a Justiça funcionado, as instituiçõesfuncionando são características de um paísmoderno”, finalizou.