Setor automotivo terá 'política industrial', mas sem mudanças no câmbio, diz ministro

04/06/2007 - 19h52

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O governo federal deve anunciar em até 30 dias uma nova política voltada para o setor automotivo. A informação foi dada na tarde de hoje (04) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O pacote, disse ele ainda, não deve envolver medidas relacionadas ao câmbio, no sentido de amenizar a diminuição da capacidade de concorrência dos produtos brasileiros no exterior, devido à valorização do real.“São propostas que serão analisadas pelo Ministério da Fazenda e depois poderemos desembocar numa proposta que chamarei de ‘política industrial para o complexo automobilístico brasileiro’”, disse o ministro, após ter participado de um almoço com dirigentes da AssociaçãoNacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), doSindicato Nacional da Indústria de Componentes para VeículosAutomotores (Sindipeças) e da Associação Brasileira da Indústria deMáquinas e Equipamentos (Abimaq).Mantega disse considerar a maior parte das propostas apresentadas hoje como “exeqüível”. “Já existe um grupo dentro do governo encarregado pelo presidente Lula para estudar a questão da indústria automobilística e dentro dos próximos 20 ou 30 dias poderá dar respostas concretas para as propostas colocadas agora”, afirmou.De acordo com o ministro, a conversa com dirigentes do setor foi “muito produtiva”. “Existe um forte desafio no mercado externo que temos que vencer. Há uma redução das exportações em termos quantitativos na indústria automobilística no mercado externo e isso preocupa o governo”, disse.Mantega não detalhou as propostas apresentadas pelo setor automotivo, mas disse que, entre elas, nenhuma diz respeito a mudanças no câmbio. “Foram feitas propostas no sentido de reduzir custos financeiros, melhorar as condições financeiras para investimento e exportação e reduções tributárias”, confirmou o ministro, ressaltando que o governo pretende continuar mantendo o regime de câmbio flutuante.“Apesar da situação do momento, nós consideramos (o câmbio flutuante) o melhor regime. Melhor que o regime de câmbio artificial, câmbio fixo... Todas essas experiências feitas no passado não foram bem sucedidas”, afirmou Mantega.O ministro também afirmou hoje que “não há nenhum estudo do Ministério da Fazenda no sentido de recolocar o Imposto de Renda sob as aplicações financeiras de longo prazo”. Ele defendeu a manutenção da meta de inflação em 4,5% para os próximos anos.“Desde que foi implantada uma meta de 4,5%, nós temos tido um resultado muito positivo na economia. Parece que nós encontramos o patamar ideal para a economia brasileira, que conseguiu compatibilizar um juro cadente, uma inflação sob controle e um crescimento econômico”, disse. O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve se reunir no dia 26 de junho para estabelecer a meta de inflação para 2009.