Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O movimento favorável à construçãodas usinas hidrelétricas em Rondônia tem recolhidoassinaturas em todo o estado para levar a Brasília. Nasescolas estaduais, os abaixo-assinados também estão sendocirculados entre alunos, funcionários e professores. Integrantes da direção de duas escolas ouvidas pela Agência Brasil dizem que os documentos foram repassados pela Representação de Ensino, do governo estadual.A professora Iracema Sena dos Santos,vice-diretora da Escola Estadual Risoleta Neves, confirmou que oabaixo-assinado foi passado na escola, mas disse que sóassinava o documento quem queria. “A gente mostrou a importânciadas usinas para o país, principalmente para o estado, emrelação ao emprego”, explicou.No entanto, ela disse que o abaixo-assinado foirepassado à escola pela Representação de Ensino,ligada à Secretaria Estadual de Educação. Apósrecolher as assinaturas, o documento foi entregue novamente àrepresentação, segundo a vice-diretora.A informação não foiconfirmada pela representante de Ensino de Porto Velho, Irany deOliveira Moraes. Procurada pela Agência Brasil, Moraesdisse que a representação não repassou osabaixo-assinados, mas que recebeu algumas assinaturas que foramenviadas pelas escolas. Segundo ela, os documentos foram repassados àSecretaria de Educação. A assessoria de Imprensa daSecretaria de Educação negou ter encaminhadoabaixo-assinados às escolas.A diretora da Escola Estadual deEnsino Fundamental e Médio Orlando Freire, Olinda LimaMonteiro Lacerda, disse que o governo do estado realizou uma reuniãocom os diretores de escolas para encaminhar o abaixo-assinado. “Nóstivemos uma reunião com os secretários de educação,com as pessoas envolvidas no projeto e a representante de ensino,juntamente com todos os diretores de estado, e foi encaminhado essedocumento para que a gente pudesse estar incentivando todos osalunos”, explicou. Lacerda também afirmou que, apóscolher as assinaturas, o documento foi devolvido àRepresentação de Ensino.Ela disse também que aescola orientou os líderes de turma para colher assinaturas,mas que a adesão foi voluntária. “Como a gente sabeque é um projeto muito bom, que vai trazer melhorias para oestado, fizemos uma reunião com os líderes da escola eexplicamos os beneficios que pode trazer”, disse a diretora.O governador de Rondônia, Ivo Cassol, disseque o abaixo-assinado está disponível para ser assinadonos órgãos governamentais, inclusive nas escolas, masgarantiu que não há coerção: “Em cadalocal está lá o abaixo-assinado que as pessoas podemassinar. Mas ninguém é obrigado a assinar. Quem estáparticipando são pessoas que querem o desenvolvimento doestado”. Ele disse que a opinião dos alunos éimportante para o debate.Questionado se haveria algum tipo de barganha paraconvencer as pessoas a assinar o documento, o governador fez umabrincadeira. “Essa barganha que estão falando é comohistória de papai Noel, é apenas uma fantasia que estãotentando criar em cima da administração”, disse.O abaixo-assinado também passou na EscolaEstadual Barão do Solimões, no centro da capital deRondônia. A professora Maria Manaide Azevedo disse que nãoassinou o documento e procurou “abrir os olhos” dos alunos para aimportância de cada assinatura. “Não é sóassinar, você tem que ver que essa assinatura pode ser poderosalá na frente, e também tem que ver o que vai acontecercom a nossa cidade. Então, tem que pensar bem antes deassinar”, afirmou.