Controlador de vôo diz na CPI que ainda existem falhas no programa de operações

04/06/2007 - 11h59

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O controlador de vôo Lucivando Tibúrcio de Alencar disse à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que ainda existem falhas no programa que orienta as operações de controle aéreo. "Não nos sentimos seguros de prestar um serviço de qualidade", afirmou antes da sessão ser fechada a pedido do advogado Normando Cavalcanti.O controlador que trabalhou no dia do acidente da Gol não respondeu à maioria das perguntas feitas pelo relator, deputado Marco Maia (PT-RS). Ele disse que preferia se reservar ao direito "constitucional" de ficar calado. No entanto, afirmou não acreditar que tenha havido falha humana.Alencar também leu, logo no início do depoimento, um "relatório de defesa". Afirmou se tratar de um relato informal e que gostaria de trazer às autoridades competentes alguns questionamentos que deverão ser levados em consideração na investigação do acidente envolvendo um Boeing da Gol e um jato Legacy no ano passado.O controlador observou que essa profissão é essencial para o país e que a atividade exige segurança pessoal, agilidade, inteligência racional e emocional, além de um perfil psicológico bem desenvolvido e sempre preparado para sofrer grandes cargas de pressão. "Até hoje muitos fizeram acusações, deram opiniões, sugestões, críticas e fizeram pré-julgamentos indevidos e desnecessários, mas que até agora não foi dada para nós, os controladores de vôo de nos defendermos", afirmou.E completou dizendo que muitos estão agindo pela "causa sensacionalista, emocional e tomando suas conclusões precipitadas, querendo isolar os fatos do ocorrido o que não pode de maneira alguma prevalecer sobre os fatos que estão interligados numa cadeia de eventos fundamentais para uma maior proximidade da precisão dos fatos reais".A CPI marcou para esta manhã audiência com os controladores de vôo que trabalharam no dia do acidente envolvendo o avião da Gol. Os quatro foram denunciados pelo Ministério Público Federal por negligência e imperícia. Felipe dos Santos Reis, Leandro José Santos Barros e Lucivando Tibúrcio de Alencar foram acusados de homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. Já Jomarcelo Fernandes dos Santos foi denunciado por homicídio doloso, ou seja - com intenção de pôr em risco os passageiros do vôo da Gol.