Ambientalista pede maior uso da energia solar

04/06/2007 - 19h20

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil é um dos países que tem umdos maiores potenciais de aproveitamento da energia solar do mundo,mas essa fonte natural e praticamente inesgotável ainda épouco utilizada em nossa economia. A avaliação édo presidente da Associação Brasileira de EnergiasRenováveis e Meio Ambiente (Abeama), Ruberval Baldini, quepede maior participação do governo federal para criarincentivos ao uso desse tipo de energia."É preciso decisãogovernamental de apoiar mais a energia solar. O foco em energia solarnunca esteve presente neste governo nem nos anteriores. Nóstemos uma insolação que é a segunda maior domundo, mas no uso estamos bem abaixo de outros países, que têmmenor recursos que a gente", afirmou Baldini.Para ele, o país precisa avançar nouso das energias renováveis. O ambientalista diz que a energiasolar ficou esquecida. "Houve momentos em que se criaram váriosprojetos, mas programas como o Proinfa (Programa de Incentivo àsFontes Alternativas) não prevêem energia solar. Háprogramas dentro da Eletrobrás, como o Procel, mas ainda éincipiente. Porque não há uma conscientizaçãode que a energia solar pode ser utilizada pelo cidadão comum."Baldini explica que o potencial maior, no momento,é o de utilizar a energia do sol para o aquecimento de água,que pode substituir os chuveiros elétricos nas residênciase as caldeiras em hotéis e clubes. No caso das placas deenergia solar fotovoltaica (que geram energia elétrica), elereconhece que o investimento é maior e que a aplicaçãoé localizada, com uso favorável em localidadesisoladas, longe das linhas de transmissão de energia elétrica.Porém, o ambientalista diz que a maiorbarreira para o uso dos painéis fotovoltaicos é ocusto, apesar do país já dominar a tecnologia e ser umdos maiores produtores da matéria-prima básica dosequipamentos, o silício."A base do produto é o silícioe o Brasil é o maior produtor de silício do mundo. Nósexportamos silício e importamos em forma de chip eequipamentos eletrônicos. Temos que comprar painéissolares lá fora, a partir do silício que fabricamos, oque torna tudo mais caro." Segundo ele, as fábricas noBrasil são apenas de painéis solares térmicos enão há produção de painel fotovoltaicos. Atualmente, estima, o custo para instalar umsistema de aquecimento solar que atenda uma família de quatropessoas gira entre R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil. "O custo inicial deinstalar um painel solar térmico é alto. Mas se vocêpegasse um financiamento a taxa zero, pois o país estáeconomizando energia, deixando de construir uma nova Itaipu, isso setorna viável."Ruberval Baldini afirma que a única formade popularizar os painéis solares é dividir o custo emmuitas parcelas, o que seria equivalente ao valor que o consumidorpaga pelo gasto de energia elétrica mensal: "Deveriahaver uma campanha de concessão de crédito direto aoconsumidor, que poderia pagar em 36 vezes".Faltam campanhas de incentivo ao uso da energiasolar, que deveria começar nas escolas, diz: "Em paísescomo Alemanha, Espanha e Japão houve incentivos para darcapacitação econômica para a populaçãocomprar e hoje os painéis solares são realidades porlá". "A energia solar não se inserefortemente devido a uma questão de política, dedefinição. Se forem reduzidos os impostos nessesequipamentos, se houver incentivo às indústrias e foroferecida a dedução no Imposto de Renda à comprados sistemas, como já foi feito em outros países,haverá incentivo para todos irem em busca da energia solar",conclui.