Agência Brasil
Brasília - Os sindicatos que representam os servidores do Banco Central decidiram, nessa terça-feira (15) à noite, marcar nova rodada de negociações para amanhã (17) em busca de um acordo com o governo sobre as reivindicações da categoria, em greve há 14 dias. Os sindicalistas estiveram reunidos durante seis horas com o secretário de Recursos Humanos da Administração Federal, Sérgio Mendonça.Os servidores querem que o governo promova a reestruturação do plano de cargos retroativa a 2006, em padrões salariais que estão "no meio, entre o ciclo de gestão e vencimentos dos fiscais da Receita Federal, Previdenciária e da auditoria do Trabalho". O secretário Sérgio Mendonça disse à Radiobrás, depois do encontro, que o governo "não reconhece a legitimidade da reivindicação com retroatividade". A promessa foi feita, segundo ele, mas sem fixar data. "O que era possível conceder no ano passado foi dado, ou seja, 10% de reajuste nos salários. Como o governo já firmou posição de nãoconceder reajustes salariais ao funcionalismo neste ano, em razão da limitação orçamentária por causa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", a proposta é de que as alterações no plano de cargos dos funcionários do BC ocorram em janeiro e maio de 2008 e a última parcela da correção para as categorias eqüalizadas, em janeiro de 2009. Os sindicatos dos Servidores Públicos, dos Técnicos do BC e dos Servidores da instituição, representados na reunião, não concordaram. Para o presidente do Sindicato Nacional dos Servidores do banco (Sinal), David Falcão, a proposta do governo pode ser considerada um avanço. "Falta apenas vontade política para chegar um pouco mais perto do que osservidores querem e assim todos ficarão satisfeitos". Sérgio Mendonça afirmou que "o governo Lula está até agora coerente com os seus compromissos com o funcionalismo público". Lembra que foi autorizada a contratação de 82 mil vagas por meio de concurso público, "numa amostra de que há interesse em valorizar o servidor". Acrescentou, no entanto, que "obviamente há coisas que precisam ser feitas, mas o governo não tem dívida para trás. As expectativas e pautas muitas vezes saem do razoável, por isso os movimentos acabam criando conflitos e dificuldades", opinou. O secretário lembrou que houve segmentos que tiveram reajustes no ano passado, "por isso os servidores do BC ficaram pensando que era um direito divino receberem também, mas o governo não concorda com isso. O que está sendo ofertado é uma amostra de que o governo reconhece ser o BC uma instituição importante, que precisa estar valorizada, mas não é possível fazer qualquer coisa que não seja compatível com o PAC [o Plano de Aceleração do Crescimento] e com a política orçamentária". Segundo Mendonça, o governo está colocando os servidores do BC numa posição salarial muito boa, num patamar que permite recrutar quadros da melhor qualidade, daqui para a frente, para o banco, através de concursos públicos". O presidente do Sinal, David Falcão afirmou que "o indicativo é para que os servidores fortaleçam o movimento até a reunião de amanhã. Disse que "as reivindicações são apenas a continuidade da campanha salarial de2005, que de lá para cá está cheia de acidentes e atropelos. Temos uma dívida reconhecida pelo próprio governo, desde junho do ano passado, e estamos insistindo na retroatividade. Depois da chegada do ministro Guido Mantega ao Ministério da Fazenda, foram dados aumentos de 30% e 40% para diversas categorias. Dessa forma, os servidores do BC, quetinham o segundo salário do Poder Executivo, despencaram para o 29º lugar no salário de ingresso. Por isso, os servidores estão insatisfeitos". Falcão acha que "falta muito pouco para chegarmos a um acordo, e isso será possível com boa vontade política".