Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Representantes das famílias sem-teto que estão acampadas em Itapecerica da Serra, grande São Paulo, conseguiram hoje (16) uma audiência com o prefeito da cidade, Jorge Costa (PMDB), para discutir a situação. Eles haviam montado acampamento na sede da prefeitura na noite do dia 14, mas depois do encontro de hoje, deixaram o local. Segundo o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, ficaram acertadas as condições para que o acampamento seja transferido provisoriamente para outro terreno, ainda sem data definida. Por isso, o movimento só pretende deixar o local onde estão se houver reintegração de posse a pedido da Justiça.“Foi acertado o compromisso de garantia da área provisória para as famílias, pois havia uma ameaça de recuo, além da infra-estrutura básica da área: fossa séptica, água potável, luz, recolhimento de lixo", disse Boulos. "Podemos dizer que foi um encontro vitorioso, resultado da pressão feita nos dois dias de acampamento na prefeitura. Esperamos que o prefeito cumpra com o que foi acordado”.De acordo com ele, apenas as famílias que não têm para onde ir vão para o acampamento provisório. “Naturalmente, uma parte das famílias ainda pode retornar para a casa de parentes, para áreas de risco e barracos. Uma parte nem retornar para isso pode”.O chefe de gabinete da prefeitura de Itapecerica da Serra, Edgard Cruz, diz que foi acertada apenas a coleta de lixo e a entrega de água nos moldes em que é feita agora, com caminhão-pipa. Ele nega que tenha sido discutida a instalação de fossas sépticas e o fornecimento de eletricidade. Ele acrescenta, ainda, que há cerca de 400 famílias na ocupação, das quais cerca de 300 seriam alocadas em moradias.De acordo com Cruz, o fato de o município ser cercado de montanhas com mata nativa e nascentes que abastecem a represa de Guarapiranga faz com que não haja terrenos livres no local. A área que a prefeitura viabilizou é um campo de futebol que será destinado à construção das casas para as famílias sem-teto. No entanto, ele diz que os moradores locais não concordam que a área seja usada como acampamento provisório. Segundo ele, as famílias querem ir para lá mesmo assim. Eles devem deixar o local onde estão somente quando a construção dos imóveis começar, em torno de 90 dias. Por isso, a prefeitura tentará convencer os moradores da área a aceitar o acampamento.Uma nova reunião das partes envolvidas foi marcada para sábado (19), na sede da Secretaria de Habitação do governo paulista, que viabilizará a construção das moradias. Representante da Caixa Econômica Federal, que fará o financiamento, também vão participar do encontro.