Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um primeiro passo para que os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito criada para investigar as causas e os responsáveis pelos problemas da aviação civil brasileira, a chamada CPI do Apagão Aéreo, conheçam a complexidade do sistema de controle aéreo brasileiro. Assim o deputado Marco Maia (PT-RS), relator da CPI, definiu a visita de três horas que parlamentares fizeram ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 1), em Brasília. Depois de classificar a visita como "institucional", Maia afirmou que a intenção era conhecer o local, os equipamentos e as condições de trabalho, além de saber mais sobre o modelo de integração entre o controle do tráfego da aviação civil e a defesa do espaço aéreo. "Não viemos aqui para fazer um interrogatório. Até porque as pessoas que aqui estiveram estarão na CPI para prestar todos os esclarecimentos possíveis. Essa é uma visita que nos dá elementos para conhecer melhor o sistema e que vai nos orientar para os questionamentos que faremos aos investigados", disse. Indagado sobre os problemas que provocaram atrasos e cancelamentos de vôos do final de setembro aos primeiros meses deste ano, Maia disse que "se há crise ou não, isso não foi tema das conversas durante a visita". E acrescentou: "A primeira impressão é a de que temos um sistema de controle aéreo complexo, que requer uma ação integrada e que precisa ser mais bem entendida por todos. Segundo as informações que obtivemos, esse sistema está bem organizado e articulado, e serve inclusive de referência para outros países". Já a deputada Luciana Genro (PSOL-RS) deixou o Cindacta 1 afirmando que, apesar de cumprir seu papel, o Comando da Aeronáutica não disponibilizou todas as informações necessárias para que os parlamentares compreendessem as motivações de episódios recentes da crise aérea. "O que nós vimos aqui não explica o que aconteceu no dia 30 de março",disse Luciana, que chegou a conversar com um controlador de vôo. "Para os controladores militares chegarem ao ponto de paralisar o tráfego aéreo no país, é porque existe uma situação muito grave que não nos foi mostrada e que compete a nós revelar", reiterou.Para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), a CPI deve começar procurando saber exatamente quanto do valor arrecadado com a cobrança de taxas criadas com o objetivo de garantir recursos para a segurança de vôos está sendo repassado para esse fim. "Essa taxas não ficam claramente definidas nas passagens", lembrou. A CPI, adiantou, deve pedir uma nova avaliação dos investimentos no setor, para saber se houve ou não contingenciamento de verbas no ano passado – e, se houve, quanto o governo teria deixado de investir. Gabeira sugeriu que a CPI proponha a proibição do contingenciamento de recursos: "Algumas coisas já podemos encaminhar. A primeira é que temos de usar as tarifas diretamente na segurança dos vôos e elas hoje são contingenciadas".Segundo o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), "não somos técnicos no assunto, mas a percepção do que é o sistema e de como funciona foi muito boa, e queremos ouvir o lado de quem opera também". Por estarem trabalhando, informou, os controladores de vôo não puderam ser interrogados pelos parlamentares durante a visita. Será necessária uma convocação oficial da CPI. Carlos Sampaio (PSDB-SP) explicou que o Comando da Aeronáutica não autorizou a conversa com os controladores por temer que a presença de 16 deputados desviasse a atenção deles. "A visita não foi prejudicada por causa disso", ressalvou, mas foi "insuficiente" para o questionamento das deficiências do setor. Para o deputado, os possíveis aspectos negativos só serão conhecidos nos depoimentos. Responsável pelo Cindacta 1, o coronel Eduardo dos Santos Raulino afirmou que a visita dos parlamentares foi bem recebida pelo Comando da Aeronáutica: "Pudemos mostrar as condições de trabalho, nossa capacidade e infra-estrutura, e como nos relacionamos com nossos funcionários civis e militares".