Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - O julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang, poderá ser encerrado amanhã (15), para quando estão previstos os debates. Iniciado em Belém (PA) hoje, na primeira parte foi ouvido o acusado, pelos advogados e promotoria, e também foram exibidos materiais de perícia. Todas as testemunhas de acusação já foram ouvidas e as de defesa começaram a depor. Na opinião de um dos advogados de defesa, Eduardo Imbiriba, “nada de novo foi acrescentado com os depoimentos das testemunhas de acusação, mas as de defesa trarão coisas novas”. Entre elas estão Raifran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista, condenados em 2005 a 27 e a 17 anos de reclusão, respectivamente.“Nossa primeira testemunha, Raifran das Neves Sales, falou que não houve, em momento algum, promessa de recompensa para a execução do crime, como ele havia dito anteriormente, por pressão da polícia. Isso mostra a inocência de Vitalmiro Bastos de Moura”, destacou Imbiriba, em entrevista por telefone.O promotor Edson Cardoso de Sousa vai expor amanhã, nas primeiras duas horas, a visão do Ministério Público. Nas duas horas subseqüentes, os advogados de defesa rebaterão e depois haverá 30 minutos para cada réplica e tréplica. Por fim, após reunião dos jurados será divulgada a sentença do juiz Raimundo Alves Flecha. O outro acusado de encomendar a morte de Dorothy, Regivaldo Pereira Galvão, fazendeiro conhecido como "Taradão", aguarda em liberdade decisão de recursos para definição de seu julgamento. A missionária foi morta com seis tiros em Anapu, a 300 quilômetros da capital paraense, em 12 de fevereiro de 2005. Conforme a denúncia oferecida pelo Ministério Público, Dorothy Stang foi assassinada quando seguia para uma reunião com colonos, em que trataria de questões referentes ao Programa de Desenvolvimento Sustentável (PDS). Ela trabalhava com a Pastoral da Terra e comandava o programa em uma área autorizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Durante 30 anos, a missionária trabalhou em pequenas comunidades da Amazônia pelo direito à terra e à exploração sustentável da floresta.