Hospital do Rio atende 12 feridos por tiros de "guerra" entre PMs e traficantes

07/05/2007 - 20h15

Beatriz Mota
Da Agência Brasil
Rio - O Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, passou, ontem (6), por uma "situação parecida com a de uma guerra", segundo o superintendente de Serviços de Saúde, Mário Bueno. Doze pessoas feridas a balas na operação policial do Complexo do Alemão, chegaram à unidade, em menos de uma hora, sobrecarregando o setor de emergência."A gente trabalha com número de profissionais que supre a necessidade histórica do hospital, tanto de trauma quanto de outras urgências, mas com essa quantidade de pacientes a possibilidade de esgotamento da capacidade de atendimento imediato é muito grande, já que essa é uma situação de guerra", afirmou.Há seis dias, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, ocupam a comunidade, no Complexo do Alemão, zona norte da cidade, em operação contra o tráfico de drogas. Com os tiroteios realizados entre os homens do Bope e os traficantes, foram registradas mais de 30 vítimas, das quais quatro morreram, entre elas um policial.O superintendente informou que o problema da superlotação foi resolvido com a transferência de alguns pacientes com ferimentos de menor gravidade para unidades próximas. De acordo ele, há um plano da Secretaria de Saúde para as situações de extrema emergência."Nós não trabalhamos com previsão de catástrofe, mas com plano de contingência para essa situação. Fazemos o redirecionamento de pacientes pelos serviços pré-hospitalares, o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e o GSE [Grupamento de Socorro de Emergência dos Bombeiros], o desvio de recursos materiais entre as unidades e até de profissionais para complementar a equipe", explicou Bueno.De acordo com o superintendente, o aumento do número de feridos a bala no Rio de Janeiro tem preocupado a Secretaria de Saúde, que está aperfeiçoando as unidades de emergência do estado especializadas em trauma, como os hospitais Getúlio Vargas, de Saracuruna e o Rocha Faria."Com o aumento da criminalidade, a freqüência de feridos a balas no Rio é maior, e os hospitais e atendimentos pré-hospitalares estão tendo que aprender a lidar com isso. Para isso, estamos fazendo o aprimoramento de aporte de insumos, equipamentos, do quantitativo de recursos humanos e leitos de resguarda para feridos nos hospitais de emergência e trauma", disse.