Amorim diz que não acredita em exportação do modelo venezuelano de governo

16/01/2007 - 22h08

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim disse hoje (16), durante encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos, Bernard Bot, que não acredita em "exportação de modelo de governo". Ele se referia à possibilidade de difusão, no continente, do "socialismo do século 21" apontado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez."É preciso distinguir as realidades dos rótulos, ou dos slogans ou dasbandeiras. Quando se fala em socialismo do século 21, isso é um slogan. Agora, se isso é bom ou ruim, já é outra questão", afirmou.Durante a campanha à reeleição, Chávez pregou a estatização de alguns setores da economia que haviam sido privatizados, como o de telefonia e energia.Amorim acrescentou que “não se trata de defender ou não". E comentou: "Acho que eles [os venezuelanos] têm o direito de escolher o que querem fazer. Os países são independentes, mas o mais importante é fazer de acordo com as leis. Na verdade, eu vejo matizes em vários sistemas, todos eles voltados para reformas sociais dentro de regimes democráticos. Uns enfatizam uma parte; outros, outras. Em alguns países, o setor privado terá um papel maior. Acredito que haja uma compatibilidade entre esses sistemas e é por isso que eles podem se desenvolver em conjunto”.Indagado se o Brasil poderia ser influenciado pelo modelo venezuelano, o ministro negou. “O Brasil não está sendo contaminado. Os países são diferentes e cada um deles deve encontrar o melhor modelo para resolver seus problemas. No caso do Brasil, não se pode pensar na economia sem o setor privado e acredito que estamos no caminho certo”, disse. Já o chanceler holandês demonstrou preocupação com as medidas anunciadas por Chaves. “Sempre tentamos equilibrar justiça social e crescimento econômico. Entendemos que a América Latina busque formas de lidar com a pobreza. Mas queremos fazer um alerta sobre a nacionalização: afastar investimentos privados pode ser ruim para a economia”, afirmou Bernard Bot.