Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil*
Brasília - Leia a seguir oterceiro trecho da entrevista com o general-de-brigada Carlos Albertodos Santos Cruz. Na última quinta-feira (11), ele se tornou oquarto brasileiro a assumir o comando de uma missão de paz dasNações Unidas. Como comandante daMissão das Nações Unidas para a Estabilizaçãodo Haiti (Minustah), ele terá, por até doze meses, aresponsabilidade de chefiar 7,5 mil homens de cerca de 20nacionalidades, encarregados de levar estabilidade ao paísmais pobre das Américas (clique aqui para ver os números da missão atualizados).Nessa parte daentrevista exclusiva à Agência Brasil, ele afirmaque as obras realizadas pelos engenheiros militares brasileiros noHaiti estão se constituindo em importante trabalho social.ABr - Agora emdezembro, chegou-se a ampliar o número de engenheirosbrasileiros no Haiti. Existe uma perspectiva de ampliar essestrabalhos da Minustah na área da reconstrução dainfra-estrutura, no desenvolvimento local, pelo interior? Santos Cruz - Umacoisa é o componente militar. Nós temos engenhariadentro do componente militar: uma companhia brasileira e tambémuma companhia do Chile e Equador.A Minustah, como umtodo, tem vários projetos em andamento em diversas áreas,na área educacional, na área de formaçãode recursos humanos para a polícia, na área deassessoramento judiciário, na área de saneamentobásico. Então, isso não vai acontecer, isso jáacontece, a ONU tem programas em todas as áreas.Na áreamilitar, esse componente de engenharia está fazendo umtrabalho muito grande na perfuração de poçosartesianos – quem vem aqui sabe que uma das grandes dificuldades éa água. Asfaltamento: existemmuito poucas ruas asfaltadas, e nosso pessoal está trabalhandomuito. A engenharia brasileira tem uma usina de asfalto muito boaaqui, de primeiríssima qualidade, uma capacidade muito grandede produção de asfalto, e trabalha dia e noite. Nóstemos a companhia de engenharia do Chile e Equador, que faz umtrabalho muito grande no norte do país, e há um pedidopara que se aumente em 100 elementos a engenharia, com maisequipamentos ainda.Para você teruma idéia, só a nossa companhia de engenharia tem maisde 100 equipamentos no Haiti, incluindo usina de asfalto,equipamentos pesados, trabalhando só em benefíciosocial. É diferente de um combate convencional, em que aengenharia trabalha em proveito da tropa. Aqui não, aqui aengenharia do componente militar trabalha só em proveitosocial. Estamos esperando, nósjá enviamos uma solicitação ao Brasil, mas háo tempo da burocracia que nós temos que aguardar. Nósestamos esperando ansiosamente que venham mais engenheiros, porque éum benefício muito grande para o país, dá umavisibilidade muito grande de que o militar também colabora demaneira muito efetiva e pesada no desenvolvimento do país, naparte de estrada, na parte de construção. Muita coisajá foi feita pela engenharia: recuperação depraça, asfaltamento de rua. ABr – Dizemque há dificuldade para conseguir o financiamentointernacional para as obras. Isso está se encaminhando parauma solução? O senhor vai conseguir dar vazão atodo esse potencial da tropa?Santos Cruz - Éclaro que sempre existe (dificuldade). Agora, eu nãoacompanho bem a parte de política, de doação derecursos, mas os países doadores têm contribuídobastante com o Haiti, isso é visível. Não possofalar em número, mas é visível que tem havidouma grande contribuição. De qualquer forma, onosso pessoal tem condições de trabalho, e existerecurso para esse trabalho. Na parte de asfalto, a Venezuela éum grande contribuinte, ela tem o produto, está contribuindomuito bem. E existe material também aqui, a parte de pedra,brita, existe o asfalto, então essa parte está muitobem feita. O Brasil mandou paracá equipamentos novos, de muito boa qualidade, então omaterial está sendo utilizado, e a gente o tempo todo procuracolocar esse material no limite da utilização, estáhavendo uma contribuição muito grande. Éinteressante que as pessoas que têm a tarefa de ajudar o Haitivenham até aqui para ver o trabalho ótimo que estásendo feito na engenharia. E nós não temos espaçoocioso, o nosso interesse é trabalhar no limite.(continua...)* colaboraram Irene Lobo e Grazielle Machado