Ex-líder de mercado substituiu amianto por material sintético

07/01/2007 - 17h38

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A polêmica em torno da exploração do amianto crisotila e doseu uso em produtos manufaturados como telhas e caixas d’água se estende aosempresários do setor. O Brasil tem 12 empresas e 20 fábricas que trabalham comfibrocimento (combinação de cimento e amianto). Uma delas, a Brasilit – que jáfoi a líder do mercado –, deixou de utilizar, no fim da década de 90, o amiantocrisotila em sua linha de produção.“A Brasilit deixou de trabalhar com o amianto na medida emque a comunidade científica internacional, que já vinha estudando o mineralhavia vários anos, chegou a conclusão que ele, em todas as suas formasinclusive o crisotila, é cancerígeno”, argumentou o diretor-geral da empresa,Roberto Correa Neto, em entrevista à Agência Brasil.A empresa optou pela troca do amianto pelo fiosintético. Esta mudança obrigou a Brasilit a investir R$ 120 milhões paraadequar seus equipamentos para a produção de fio sintético. O diretor-geral daempresa afirmou que a decisão não teve caráter comercial.Correa Neto acrescentou que mesmo perdendo a liderança do setor a empresa fez aopção em investir na saúde não dos trabalhadores, seus e de outras etapas dacadeia produtiva. “Por que pensar que só aquele que trabalha na extração ou naindustrialização do amianto está exposto ao risco? Aquelas outras pessoas quetrabalham cortando, serrando, fixando peças que contêm o amianto também estão –logicamente que numa quantidade menor – expostos ao efeito maléfico do amianto”.A Brasilit tem, hoje, um faturamento anual de R$ 200 milhões e, segundo odiretor da empresa, voltou a crescer, depois de cinco anos de retração. Elenegou que a decisão da Brasilit de substituir o amianto pela fibra sintéticafosse uma estratégia para expandir a exportação ao mercado europeu, que baniu ouso do amianto.De acordo com ele, neste caso a produção brasileira não se enquadra muito aossistemas construtivos daquele continente. “Na Europa, o produto fibrocimentopara coberturas já não é muito utilizado”. Entretanto, ele afirmou que aBrasilit tem recuperado espaço no mercado exportador junto a outros países quetambém proibiram a utilização de qualquer tipo de amianto.Por outro lado, o presidente da Eternit – atual líder do segmento –, HélioMartins, defende que “o amianto é um produto fantástico para a necessidade queo Brasil tem de construção de baixo custo”. Ele afirma que que o Brasiltem uma jazida “de excelente qualidade” de amianto crisotila  puro (ficaem Minaçu, Goiás), e que ela suporta mais 50 anos de exploração.