Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O recém-criado Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piranhas-Açu, que corta os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, deverá garantir o abastecimento de água de 1,3 milhão de pessoas que moram nessa região. O comitê é formado por representantes da União, dos dois estados, dos municípios abrangidos, dos usuários e das entidades civis com atuação na área.A preocupação da Agência Nacional de Águas (ANA) é equilibrar a oferta hídrica dos rios que formam a bacia, pois muito não são perenes e praticamente desaparecem na época da seca.“Em função do grande número de usuários de água na região, nos próximos dez anos é preciso usar de forma racional os recursos hídricos para não comprometer o desenvolvimento econômico no futuro”, alertou o superintendente de Apoio à Gestão de Recursos Hídricos da ANA, Rodrigo Flecha.Ele explica que o sistema Piranhas-Açu será beneficiado com a integração da Bacia do Rio São Francisco com outras bacias do Nordeste Setentrional, mas que é necessário gerenciar o uso da água com medidas que vão desde investimentos em esgotamento sanitário e recuperação das matas ciliares até projetos de educação ambiental junto às comunidades.Nas margens da bacia do Piranhas-Açu existem grandes projetos agropecuários, com plantações irrigadas de algodão, milho, feijão, banana e melão. As indústrias predominantes são as têxtil, cerâmica e mineral, todas de uso intensivo de água.A bacia tem 43,6 mil km2 e abrange 147 municípios, sendo 102 na Paraíba e 45 no Rio Grande do Norte. O rio abastece dois reservatórios que garantem o fornecimento de água nos períodos de seca, o Curema-Mãe D´Água (PB) e o Armando Ribeiro Gonçalves (RN). O técnico da ANA considera a criação dos comitês de bacias fundamental para garantir o abastecimento e a qualidade no fornecimento hídrico. Ele citou o caso do comitê da bacia do rio Paraíba do Sul, que atravessa São Paulo e Rio de Janeiro. Foi o primeiro a ser criado, em 1996, e hoje arrecada recursos das empresas e agricultores pelo uso intensivo da água.A cobrança começou em março de 2003 e já representa R$ 6,5 milhões por ano, dinheiro que é investido na própria conservação do rio. Além do Paraíba do Sul, também é feita a cobrança na bacia do rio Piracicaba-Capivari-Judiaí, em São Paulo.A criação do comitê do Piranhas-Açu foi definida por um decreto presidencial assinado no último dia 29 de novembro, pelo vice-presidente José Alencar.