Ecologista lembra importância da Mata Atlântica para abastecimento de água e clima

23/12/2006 - 18h19

Lourenço C.Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Agora garantidos por lei, sancionada ontem (22) pelo presidente Luiz InácioLula da Silva, a preservação e o uso racional da Mata Atlântica sãoessenciais não só para a preservação da biodiversidade, mas também paraos mananciais de água que abastecem grandes cidades e para a garantiada estabilidade climática."Cuidar dessa mata não significa meramente garantir o habitat natural deespécies, mas mantê-la por ser o principal produtor de água de que sepode dispor, além da importância que tem para garantir estabilidadeclimática, que interessa a todo o planeta", diz o diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani.Em entrevista à Rádio Nacional AM, ele se revelou otimista noque se refere à possibilidade de recuperação de áreas depredadas, com os termos da nova lei. “Nós temos um caso de recuperação que é fantástico noBrasil”, conta o diretor, em referência à floresta da Tijuca, no Rio, hoje uma das reservas naturais em área urbana em todo o mundo.“No século 18, Dom Pedro 2º ordenou que osescravos não recorressem mais à floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro,para fazer carvão, porque a água estava escasseando, em razão depredação", contou. "Hoje os turistas que visitam o Parque Nacional da Tijuca seencantam com a maravilha que encontram na floresta inteiramenterecuperada.”O diretordiz que a nova lei chega "em boa hora", porque não há mais condições de que atividades econômicas se expandam sobre as áreas remanescentes de mata. “O interesse imobiliário é hoje um dos grandesproblemas da Mata Atlântica, afetada pela exploração de mineraçãoe por atividades rurais”, disse."Ela já teve 93% de sua área destruída, parauso  da pecuária e da agricultura. No entanto, apenas 40% desseespaço está sendo utilizado, sendo que os demais 50% estãocompletamente abandonados."Mário Montovani diz que a Mata Atlântica é um "paciente internado na UTI", com "7% de chance de sobreviver". A nova lei, segundo ele, é como um tratamento médico para o bioma. Apesar de todos os estragos feitos até aqui,ele lembra que ainda é alta a concentração de biodiversidade nas matas remanescentes. No sul daBahia, segundo ele,  há 456 espécies vegetais de porte arbóreopor hectare, enquanto, em toda a Europa, “onde tiver muita biodiversidade tem20”.“A água que cada um denós brasileiros está bebendo, nesses 17 estados que compõem a MataAtlântica, é benefício direto da floresta”, destaca ainda Mantovani. O diretor critica o fato de que não há instrução nas escolas sobre oassunto. “Aqui no Brasil há muito mais informaçãosobre a Mata Atlântica de Nova York e de lugares da Europa, do quemesmo do próprio Brasil. As universidades ainda não geraramconhecimento sobre o assunto e existe muito parque do governoabandonado.”