Depois de alcançar menor marca, risco Brasil deve continuar caindo, avalia consultor

23/12/2006 - 16h35

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na última sexta-feira (22), o riscoBrasil atingiu a melhor marca desde sua criação em 1992, chegando a 194 pontos. O piorresultado, 2.436 pontos, foi registrado no dia 27 de setembro de 2002, pouco antes da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente. A redução foi comemorada ontem pelo presidente Lula, que chegou a dizer que é hora de "abrir o champanhe".

Segundoo diretor de economia e finanças da Trevisan Consultores, Kenzo Otsuka,analistas apostam que a tendência é que o risco Brasil continuecaindo, mas em um ritmo lento. “Evidentemente, a redução estácondicionada pelo comportamento da economia mundial. Mesmo assim, atendência é a de que haja um decréscimo contínuo da taxa de risco, em umritmo menor”, disse ele à Agência Brasil.

O risco Brasil, ou EMBI+Brasil (Emerging Markets Bond Index – Brasil) éum indicador da confiança de investidores estrangeiros na economiabrasileira. Trata-se de uma tentativa de calcular o eventual perigo de que eles percamdinheiro ao investir no país.

Paraestipular o risco de cada nação, analistas do banco norte-americano JPMorgan calculam quanto um determinado governo deve pagar a mais aos investidores do queo governo dos Estados Unidos, de forma que, do ponto de vista deles, seja mais vantajoso investir no país que deixar o dinheiro nos EUA. Também sãolevados em consideração indicadores financeiros e políticos de cadapaís, tais como déficit fiscal, crescimento da economia, solidez dasinstituições, entre outros.

Oresultado da equação, expresso em pontos, indica os pontos percentuais dediferença entre o que os credores receberão pelos títulos e o quereceberiam caso investissem em títulos do tesouro dos EUA, consideradospor especialistas os mais seguros. No caso do último índice brasileiro,significa dizer que o país pagará 1,94 ponto percentual a mais do que o Tesouronorte-americano oferece de juros.

ConformeOtsuka, além da recomendação para que investidores comprem títulos dadívida de um país, o indicador, junto a outras variáveis, é umimportante parâmetro para as empresas decidirem onde e quando investir.Otsuka defende que a melhora na percepção do risco-país e a conseqüentefacilitação para captar recursos financeiros no mercadointernacional pode trazer melhorias à população.

“Orisco-país parece muito distante do cotidiano das pessoas, mas, emlinhas gerais, sua queda significa que há uma redução no perigo de seinvestir em um dado lugar", explica. "Para o governo, é bom significar queele irá pagar menos juros para os investidores estrangeiros. Em tese,essa redução deveria se estender também às taxas de juros internas, quesão aquelas cobradas do cidadão comum, do consumidor”.

Otsukaatribui a queda do risco Brasil à consistência da políticamacroeconômica brasileira, a qual, segundo ele, tem possibilitado o equacionamentodo endividamento público e a redução da relação dívida-PIB. Mas, eleressalta que a própria conjuntura de crescimento econômico mundialfavoreceu as exportações brasileiras.

“Tudo isso contribuiu para ossaldos positivos na balança comercial e para reduzir a vulnerabilidadebrasileira, o que, conseqüentemente, contribuiu para uma melhora napercepção de risco de se investir no país”, diz ele.