Despejo de agricultores cria tensão na Barragem Foz do Chapecó

14/12/2006 - 22h22

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - É tensa a situação na Barragem Foz do Chapecó, entre os municípios de Águas do Chapecó, em Santa Catarina e Alpestre, no Rio Grande do Sul. Hoje (14), a Polícia Militar promoveu o despejo de 800 agricultores e lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) que estavam acampados no canteiro de obras da Barragem há quase dois anos. Sadi Baron, um dos coordenadores do MAB no estado, disse que as famílias reivindicam que a empresa responsável pela barragem atenda aos direitos das famílias atingidas. “Estamos bastante assustados e preocupados pois o clima é de terror e o confronto é eminente”, disse Baron. Ele denunciou que “a tropa de choque da Polícia Militar do Rio Grande do Sul, com policiais fortemente armados de revólver e escopeta tentou despejar uma senhora de 64 anos, que mora sozinha numa área de 4,4 hectares próximos a obra. A sorte é que vários agricultores estavam de vigia no local e impediram o despejo”. O dirigente também denunciou que as empresas responsáveis “estão usando de formas escusas, amedrontando e negando os direitos a população local”. Ele informou que o MAB está tentando com o Ministério de Minas e Energia que haja uma intervenção federal no local. “Na nossa avaliação, as empresas do consórcio não têm capacidade nem responsabilidade social para lidar com gente”, ressaltou Baron. Segundo ele, ao todo são mais de 3,5 mil famílias de agricultores, de 13 municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que podem ser deslocadas pelo alagamento da barragem: “Eles não querem dinheiro como indenização e sim suas terras para plantar e sobreviver”. Outro integrante da coordenação do MAB, Mauro Brenm, relatou que mais de cem policiais derrubaram os barracos montados e expulsaram as famílias que estavam no local. “Todos são agricultores que estão com sua atividade ameaçada, porque a empresa vai se apossar de mais de 20 mil hectares na costa do rio Uruguai, só na barragem Foz do Chapecó”, explicou.O deputado estadual Frei Sérgio Görgen (PT/RS) disse que a Barragem da Foz do Chapecó é controlada pelas companhias CPFL Energia, de São Paulo, a de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul, e pela estatal Furnas Centrais Elétricas S.A. Ele acompanhou a assembléia realizada ontem (13) pelos agricultores e garantiu que entre as famílias está crescendo a convicção de que devem se opor à construção da barragem, “na medida em que sentem que estão sendo agredidos e enganados”.