Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - O Brasil precisa estar atento às várias formas de trabalhoinfantil, não apenas àquelas de maior perigo para as crianças como nascarvoarias, alertou hoje (14) a secretária nacional de Assistência Social doMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ana Lígia Gomes, no SeminárioNacional sobre Políticas de Proteção Integral à Criança e ao Adolescente.Segundo Ana, é preciso observar com cuidado os dados daPesquisa Nacional de Amostras de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), que apontou um crescimento no índice decrianças e adolescentes ocupadas no Brasil de 11,8% em 2004 para 12,2% em 2005,após 14 anos consecutivos em queda.O país conseguiu nos últimos anos retirar um númerosignificativo de crianças dos piores e mais visíveis tipos de trabalho, disse asecretária. Agora, acrescentou, é necessário combater outras formas de trabalhoinfantil que ainda são resistentes na sociedade. “A gente precisa enfrentar e redirecionar o trabalho infantildoméstico, por exemplo. Ele não é dito como pior forma, ainda que uma criançase queimar na cozinha e sofrer um acidente não é tido pela sociedade, pelacompreensão, como uma forma que sensibilize e chame a atenção”, afirmou. “Aidentificação desse trabalho e a visibilidade dele é muito difícil e aí tem umadiscussão da cultura que depende da sensibilização da sociedade. O que asociedade tolera como trabalho (infantil). O que ela não tolera. Se não vamosconseguir identificar vai ficar invisível”, argumentou a secretária.Para Ana Lígia Gomes, é preciso que a sociedade tenhaconsciência do problema para que as ações do governo tenham maior eficácia.“Estamos preparando uma agenda, com campanhas, mobilizações, mas isso nãobasta. Essa discussão tem que passar por essa tradição cultural que agora aContag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura) está discutindo emrelação ao campo. Mas o problema nas metrópoles também é muito difícil. Sem oengajamento dos municípios, de cada território, das prefeituras, emidentificar, sensibilizar e mobilizar, nosso sucesso é muito difícil”.O seminário é uma iniciativa do Ministério doDesenvolvimento Social e Combate a Fome e da Contag.