Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea), Luiz Henrique Soares, considerou "revoltante" o gasto anual deR$ 22 bilhões com ações provocadas por acidentes nas rodoviasbrasileiras. “O montante gasto é revoltante, porque poderia ser evitado”,disse Soares, ressaltando que, além da perda devidas, existem as seqüelas dos feridos e o custo doafastamento da atividade produtiva. Ele citou também o custo do dinheiro público, que“poderia ajudar a resolver boa parte do desenvolvimento do país", com a aplicação em obras deinfra-estrutura.Soaresdisse que a falta de planejamento de longo prazo para investimentos emobras nas rodovias contribui para o problema, mas salientou que a“realização de campanhas educativas dramáticas, com forte apelo deconscientização, poderia reduzir sensivelmente esse quadro”. Ele apontaainda comoessenciais a melhoria da sinalização e do traçado das vias, amanutenção e a fiscalização.De acordo com o estudo ImpactosSociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas RodoviasBrasileiras, realizado pelo Ipea, num período de apenas 12 meses [de 1º de julho de 2004 a 30 de junho de 2005],foram gastos cerca de R$ 22 bilhões em ações por causa de acidentes nasestradas do país. Segundo o Ipea, o montante é equivalente à metade dodéficit público previdenciário e inclui despesas como atendimento àocorrência, primeiros socorros, internação hospitalar, pós-hospitalar,afastamento do trabalho, remoção da vítima ou de carga e danosmateriais. Cerca de R$ 6,5 bilhões referem-se aos acidentesocorridos em rodovias federais; R$ 14,1 bilhões, aos registrados nasestaduais; e R$ 1,4 bilhão aos ocorridos nas municipais. Colaboraram narealização do estudo a Associação Nacional de Transportes Públicos(ANTP), o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e a PolíciaRodoviária Federal.Segundo o estudo, a Região Centro-Oestelidera em gastos, seguida pelas regiões Norte e Nordeste, enquanto oSul e o Sudeste registraram índices mais baixos. Nove estados (Amapá,Maranhão, Ceará, Tocantins, Amazonas, Acre, Mato Grosso do Sul, Piauí eBahia) apresentaram custos médios acima de R$ 70 mil, enquanto oitoestados (Alagoas, Roraima, Mato Grosso, Rondônia, Goiás, Pará, Paraíbae Minas Gerais), mais o Distrito Federal, ficaram na faixa entre R$ 70 mil e R$ 60 mil, considerada a média nacional. Abaixo desse tetoforam identificados nove estados: Rio Grande do Norte, Sergipe, Paraná,Santa Catarina, Pernambuco, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro eRio Grande do Sul.O estudo mostra que, só em 2004, morreram 6.119pessoas vítimas de acidentes nas rodovias federais e 66.117 ficaramferidas. As colisões frontais foram as que mais provocaram perda devidas, somando 1.508. Os atropelamentos de pedestres ocupam a segundaposição, com 1.170 de um total de 3.996 casos. Essas ocorrênciasprevalecem na travessia de áreas urbanas, com maior incidência noperíodo noturno, e representam 3,6% do total de acidentes nas estradasfederais (112.457). A maioria dos casos fatais ocorreu em Minas Gerais,Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.LuizHenrique Soares enfatizou que o objetivo do estudo do Ipea écontribuir, não só para direcionar políticas públicas, mas paraconscientizar os condutores a ter mais cautela no trânsito.