Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Santarém (PA) - Dois engenheiros florestais e 10 fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de nove policiais militares, estão desde o último dia 25 na região do rio Uruará, em Prainha (PA).O chefe substituto da Divisão de Controle e Fiscalização da superintendência do Ibama em Santarém (PA), Severiano Pontes, conta que a equipe deve permanecer em campo por mais cinco dias, visitando os planos de manejo madeireiro da região e investigando denúncias de retirada irregular de madeira.“Hoje devemos mandar para área um helicóptero, com um técnico de geoprocessamento. Mas só visitando todos os planos de manejo e os pátios das madeireiras é que a gente vai conseguir checar se as toras lá equivalem ao total e às espécies autorizadas”, diz Pontes.Segundo ele, ainda não há informações sobre os resultados parciais da operação por conta da grande dificuldade de comunicação com a região. Prainha ganhou destaque nacional nos últimos dois meses porque os moradores da zona rural do município bloquearam o rio Uruará, impedindo a passagem de balsas carregadas de madeira.O presidente da Colônia de Pescadores (Z-31), Wadilson Oliveira Ferreira, revela que já houve três conflitos diretos entre os comunitários e os madeireiros. No primeiro, fiscais do Ibama foram à região – que fica a pelo menos 18 horas de viagem, partindo de Santarém – e apreenderam cinco balsas com cerca de 4 mil metros cúbicos de madeira sem autorização de transporte.“Depois dessa ação os madeireiros voltaram a agir e a comunidade se mobilizou de novo, queimando as madeiras que estavam em uma balsa. Em novembro, atendendo a nosso pedido, houve uma audiência pública com a presença do superintendente do Ibama. Logo depois, a retirada ilegal de madeira cresceu novamente e voltamos a impedir a passagem das balsas. Na ocasião, lideranças foram presas junto com um representante do Ministério Público e com um cinegrafista italiano”, contaFerreira.O presidente da Colônia de Pescadores afirma ainda que a atuação de madeireiras na região está prejudicando o trabalho e a saúde dos moradores tradicionais da área. “Os danos para as comunidades são inúmeros, não só da parte ambiental. As pessoas estão impedidas de transitar livremente pela floresta e o número de infecções intestinais e diarréias é grande, porque a água do rio está poluída com os resíduos tóxicos dos produtos que as empresas passam nas madeiras.” Ferreira está em Santarém participando do V Encontro das Iniciativas Promissoras do Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (ProVárzea/Ibama).