Entenda as críticas que os movimentos sociais fazem às grandes obras de integração do continente

13/12/2006 - 23h35

Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Cúpula Social pela Integração dos Povos,evento encerrado sábado na Bolívia e que reuniu cerca de 3 mil representantesde movimentos sociais das Américas, incluiu críticas à Iniciativa para aIntegração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana (Iirsa). Leia entrevista com o secretário Ariel Pares para saber mais sobre o que é a Iirsa. As obras apoiadas pela Iirsa são consideradas pelosmovimentos como uma tradução do “modelo econômico primário exportador extrativista”,na contramão de qualquer projeto de desenvolvimento sustentável e “totamenteincompatíveis” com o padrão de integração sul-americana defendido pelosmovimentos. “O papel dos governos latino-americanos deverá ser o dedesenhar e promover uma política estratégica para o transporte mudando oenfoque rumo a uma infra-estrutura para a integração e o desenvolvimento dascomunidades de todos os países da América do Sul”, reivindica um dos documentosfinais da cúpula social. “Quer dizer, o grande objetivo deve ser a reproduçãoda vida e não a reprodução ampliada do capital e a destruição.” Para os movimentos sociais, a construção dos “corredores deexportação”, em atendimento aos interesses dos grandes grupos econômicos, sófará gerar “corredores de miséria” e o aumento acelerado da dívida dos países. “As obras de infra-estrutura não estão despojadas de umaintencionalidade”, diz o documento. “Os Estados e os governos legítimos egenuínos devem impor os interesses da cidadania aos dos grupos econômicoshegemônicos que são os que, em vários casos, determinam as políticas eestratégias.” “O transporte que propomos servirá para o transporte demercadorias, mas o fundamental é o movimento de pessoas”, continua o texto.“Nossas comunidades vêem passar as riquezas que lhes são despojadas.” Entre as recomendações do documento estão: o investimento emestradas secundárias e terciárias, em vez da concentração dos recursos em“megaestradas”; a retomada do investimento no transporte ferroviário, com arenacionalização de linhas privatizadas e a reconstrução das linhas destruídas;a criação de uma marinha mercante latino-americana; a preservação dapossibilidade de uso dos rios navegáveis por parte das comunidades; a criaçãode um Banco Sul-Americano de Fomento à Infra-Estrutura.Veja aqui todos os documentos produzidos pela Cúpula Social pela Integração dos Povos