Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A diferença dos salários recebidos deputados e senadores do que é pago a grande maioria dos trabalhadores não é uma exclusividade da política brasileira. Levantamento feito pelo Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) mostra que o mesmo acontece em praticamente todos os países de primeiro mundo. O cientista político da UnB, Paulo Kramer, informou que outra tendência nestes países “é de uma grita do cidadão contra esse diferencial”.Paulo Kramer acredita que “motivações políticas” ligadas a campanha à reeleição para as presidências da Câmara e do Senado não permitiram ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), presidentes do Senado e da Câmara respectivamente, realizar cortes nas verbas de gabinete e ajudas de custo recebidas pelos parlamentares. “Tanto o presidente Aldo Rebelo quanto o presidente Renan Calheiros irão concorrer à reeleição nos seus respectivos cargos e precisam fazer o que for possível para agradar os seus pares de maneira a garantir a própria reeleição”.O professor da Universidade de Brasília afirmou que os escândalos de corrupção envolvendo parlamentares e autoridades públicas, como as denúncias do "mesalão" e da compra superfaturada de ambulâncias, mostra o tamanho da “tolerância dos brasileiros a esses malfeitos e descaminhos”, apesar de não vincular tais ações com o reajuste salarial.“Se este sistema republicano é representativo, o parlamentar não vem de Marte nem de Vênus, ele foi escolhido por segmentos da sociedade e representa esta sociedade”, afirmou. O cientista político acrescentou que o grande problema do brasileiro é acusar os outros de corrupto enquanto, quando pratica ações semelhantes no seu dia-a-dia, debita a isso “o tal do jeitinho”.Segundo Paulo Kramer “quando o foco é colocado sobre si mesmo esta pessoa diz não, isso não é corrupção, eu estou dando um jeitinho”. Acrescentou que “de jeitinho em jeitinho que a nossa política se escangalha”. Kramer ressaltou que é da responsabilidade do eleitor a qualidade dos políticos que elege para Câmara de Vereadores, Assembléias Estaduais, Câmara e Senado.