Sem-terra defendem educação para a mudança social no país

30/11/2006 - 22h54

Gabriela Noronha e Raquel Mariano
da Agência Brasil
Brasília - "A mudança socialno país só vai acontecer através da educação do povo”. Essa foi aconclusão apontada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra (MST) na 1ª Jornada Estadual de Educação na Reforma Agrária, encerrada hoje (30) em Cascavel (PR). Durantecinco dias, com o tema Todas e todos os sem-terraestudando, foram debatidas formas de alcançar esse objetivo. Hoje, cerca de 300 jovens e adultos receberam a certificação da Secretaria de Educação de Rio Bonito do Iguaçu (PR), pela participação no projeto Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação. Educar os jovens à beira de estradas, nas fazendas ocupadas, junto com osacampamentos do MST, é uma das missões das escolas itinerantes. “Elas trazem a possibilidade de crianças, jovense adultos estudarem no acampamento e os conteúdos a serem trabalhadossão relacionados à realidade que eles vivem”, disse Maria Cristina Vargas, do Coletivo Nacional do Setor de Educação do MST. Ela lembrou que as crianças e jovens dos acampamentosencontravam dificuldades de locomoção para as escolas das cidadespróximas e que geralmente não havia vagas suficientes para atender aosintegrantes do movimento. As escolas itinerantes já funcionam no Paraná, Rio Grande doSul, Santa Catarina, Goiás e Alagoas. Em Pernambuco, a implementaçãoaguarda aprovação e no Piauí, o projeto está em fase de legalização. Nototal, há 45 escolas em funcionamento, com 350 educadores e 3 mil crianças e adultos entre os alunos. A primeira delas foi implantada em 1996, no Rio Grande do Sul. Ofuncionamento dessas escolas se dá em parceria com as secretariasestaduais de educação, que devem fornecer infra-estrutura e materialescolar para os acampamentos. Aprovada pelos Conselhos de Educaçãoestaduais, com base na Lei de Diretrizes e Bases, a gestãoescolar é autônoma. O estado participa com o investimento, mas nãoorganiza o modelo. Alémda alfabetização as escolas oferecem atividades como oficinas derequalificação para adolescentes que não completaram os estudos. E acomunidade é convidada a ensinar conhecimentos ligados à agricultura e também à cultura.