Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apontado como um país de baixos índices de pobreza até o início da década de 70, a Argentina exibe, hoje, um “desempenho decepcionante” no combate às desigualdades sociais. A opinião é do pesquisador do Centro de Estudos Distributivos, Trabalhistas e Sociais da Argentina, Leopoldo Tornarolli. Segundo ele, o crescimento da pobreza em seu país contrasta com os bons resultados obtidos pela maioria dos países latino-americanos. “Em particular, Chile, Brasil e México, que reduziram, respectivamente, 64%, 45% e 17% o número de pobres na última década”. Apesar de destacar os esforços brasileiros e mexicanos, o pesquisador disse que ambos os países ocupam, junto com a Argentina, o grupo de média pobreza. Ao participar do seminário internacional O Desafio da Redução da Desigualdade e da Pobreza, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília, Tornarolli disse que os atuais números da pobreza argentina são maiores que os do ano 2000. Isso apesar da atividade econômica ser maior. “O aumento da pobreza na Argentina aconteceu tanto devido a problemas de distribuição de renda, quanto ao crescimento econômico. Que do ponto de vista de renda per capta (por pessoa), não existiu”.Segundo Tornarolli, mesmo com o crescimento econômico registrado entre os anos de 1993 e 1999, o número de pobres na Argentina aumentou 12%. A crise de 2001 intensificou ainda mais as desigualdades. Nem mesmo a recuperação registrada nos últimos anos foi capaz de reduzir a pobreza. O pesquisador argentino disse que 31% da população argentina vive na pobreza. E que aproximadamente 17% vivem na indigência. Tornarolli lamenta que os argentinos tenham se acostumado com um nível médio de pobreza cada vez maior.Tornarolli afirmou que há evidências de que a deterioração do trabalho formal e as diferenças salariais pagas a trabalhadores qualificados e não-qualificados estão entre as principais razões para o aumento da pobreza.O secretário de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério do Desenvolvimento Social, Rômulo Paes de Souza, considerou singular o exemplo argentino. “A crise que atingiu o país arrastou uma parcela expressiva da população para a pobreza. Inclusive da classe média. Esta é uma situação muito particular da Argentina e encontra poucos paralelos com outros países”. Souza chamou a importância para o compartilhamento de experiências. “Políticas econômicas mal-sucedidas ou uma conjuntura econômica desfavorável pode levar um contingente enorme de pessoas para a condição de pobreza. O caso da Argentina é um exemplo maximizado do que poderia ter acontecido com o Brasil. Por isso precisamos ter políticas robustas de combate à pobreza”.