Thais Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O Brasil não consegue controlar a malária na Amazônia porqueinsiste em usar estratégias antigas para erradicar adoença no restante do país, mas sem a mesma eficácia na região. A crítica foifeita hoje (30), em Manaus, pelo professor da Universidade Federal do MaranhãoAntônio Rafael da Silva, durante o encerramento do “6º Curso de ControleBiológico”, promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa),em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Fundação OswaldoCruz (Fiocruz). “O Brasil, na década de 50, tinha de 4 a 8 milhões de casos de malária. Quandorompe a década de 70, esse número caiu para 50 mil casos. Nas outras áreas dopaís esse controle se efetivou, mas não na Amazônia”, disse Silva. “Falta àpesquisa buscar lógicas e metodologias diferentes para o combate à doença naregião. Estamos repetindo fórmulas que deram certo no passado, mas que nãofuncionam mais”, alertou. Silva informou que há entre 200 e 300 milhões de novos casos de malária registradosno mundo, por ano. Aproximadamente 80% deles estão no continente africano, maso Brasil é o país da América do Sul com maior ocorrência da doença. Após umaqueda de 1999 a 2002, os casos de malária na Amazônia Legal vêm aumentando nosúltimos três anos. De 2004 a 2005, esse crescimento foi de 29,4%, passando decerca de 464,3 mil doentes diagnosticados para aproximadamente 600,9 mil novoscasos.“Não vai ser o inseticida nem o tratamento, sozinhos, que vão reduzir aocorrência de malária na Amazônia. Ela está ligada também à qualidade de vidadas pessoas, à organização de serviços de saúde”, avaliou o professor. “Amalária só está dominada nos países que se desenvolveram, os Estados Unidos, oCanadá, na Europa. Mas nas regiões não desenvolvidas da Ásia, da África, daAmérica do Sul, ainda é a mais importante doença parasitária. Pobreza, exclusãosocial e desigualdade são os temperos para sua manutenção”, completou Silva.