Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou em 1% aestimativa da produção de cana-de-açúcar para a safra 2006/7, emrelação à pesquisa feita em agosto, com aumento de 4,5 milhões detoneladas. Pela estimativa, deverão ser colhidas 475,7 milhões detoneladas, o que equivale a 10,3% mais que o alcançado na safraanterior. Na entrevista coletiva em que anunciou os novosnúmeros, o presidente da Conab, Jacinto Ferreira, disse que a evoluçãodo plantio decorre de investimentos no setor sucro-alcooleiro, quedeverão continuar no próximo ano, pois diversas plantas de construçõesestão em andamento. A safra 2006/7 vai destinar 425,9 mihões de toneladas de cana à produção de açúcar e álcool e 48,7 milhões de toneladas a outras finalidades, como fabricação de bebidas, rapadura, açúcar mascavo, alimentação para animais e mudas para replantio. A produção total de álcool deverá alcançar 17,6 bilhões de litros, sendo 9,2 bilhões do tipo hidratado e 8,4 bihões do anidro. Segundo o diretor do Departamento da Cana-de-Açúcar e de Agroenergiado Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan, o Brasil deverá continuarbalizando os preços do açúcar e do álcool no mercado internacional, umavez que a desvalorização do dólar torna o custo de produção mais altonos demais países. Bressan disse que, durante vários anos, os preços doaçúcar no exterior oscilaram entre US$ 160 e US$ 180 a tonelada, eforam elevados em US$ 100, porque não era possível competir com o preçomais baixo praticado no Brasil. A tendência para 2007 é que o preço doaçúcar fique entre US$ 250 e US$ 280, no mercado internacional.Bressan informou que muitos países estão investindo na produção de álcool. Entre eles, estão: Austrália, Tailândia, Guatemala, Índia e Paquistão. Atualmente, o Brasil exporta, em larga escala, álcool para os Estados Unidos, que têm um programa de mistura do produto à gasolina. “Mas, como eles têm facilidade para fabricar álcool de milho, pode acontecer de virem a comprar menos do Brasil no próximo ano”, observou Bressan. Paraele, o mercado, em 2007 “é uma incógnita”, mas é possível haverestabilidade de preços e aumento de consumo no Brasil. Bressan informouque, em outubro, foram fabricados no Brasil 135 mil veículos que podemusar gasolina ou álcool - a frota atual já chega a 2,3 milhões decarros. “Sempre que o preço do álcool estiver barato nos postos, oconsumidor preferirá abastecer com esse produto, que é o combustível dofuturo, pois o petróleo ainda será muito raro, ante a tendência dedecréscimo das reservas mundiais”, disse Bressan. Quanto mais o Brasilusar carros a álcool, mais poupará suas reservas de petróleo e, comisso, poluirá menos o meio ambiente, destacou Bressan. Para ele, opreço ideal para o litro do álcool é R$ 1,30. Atualmente, o preço variade R$ 1,20 (em São Paulo) a 1,80 (em Brasília), por causa de questõestributárias e custo de fretes.