Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Polícia Federal (PF) não tem mais dúvidas de que o ex-assessor do senador Aloizio Mercadante, Hamilton Lacerda, foi o responsável pela entrega do dinheiro (R$ 1,7 milhão) para a compra do dossiê contra políticos tucanos a Gedimar Passos em um hotel de São Paulo. Lacerda deve ser ouvido hoje (28) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas.“As imagens captadas do Hotel Íbis, as contradições em suas declarações e os relatórios do Núcleo de Inteligência Policial sobre a utilização de um telefone em nome de Ana Paula Cardoso Vieira, demonstram claramente que ele foi a pessoa que entregou, em duas ocasiões, o dinheiro para Gedimar Passos”, afirma o delegado responsável pelas investigações, Diógenes Curado Filho, em relatório entregue ontem (27) à Justiça Federal do Mato Grosso.Hamilton Lacerda teria usado o telefone celular em nome de Ana Paula para fazer as negociações de venda do dossiê. A quebra de sigilo telefônico mostra que o celular fez e recebeu ligações para os envolvidos nas negociações nas vésperas da entrega do dinheiro.No relatório, o delegado Diógenes Curado afirma, porém, que é cedo para “tecer considerações sobre as outras pessoas que participaram da trama da compra do dossiê”. No documento em que pede mais prazo para a conclusão das investigações, o delegado diz ser necessário ouvir os depoimentos do coordenador financeiro da campanha de Aloizio Mercadante para o governo de São Paulo, Giácomo Bacarin, do diretor do Partido dos Trabalhadores em São Paulo, Paulo Frateschi, e do tesoureiro do partido no estado, Antônio dos Santos.O delegado ainda espera ouvir o ex-secretário do Ministério do Trabalho, Osvaldo Bargas, que teria participado das negociações com a revista Época para a venda da entrevista dos Vedoin, e tomar o depoimento de funcionários da Transbank, empresa de transporte de valores cujo carimbo consta nas notas de reais apreendidas.O relatório seguiu para o Ministério Público Federal, que vai autorizar a ampliação do prazo para a conclusão das investigações. Até o momento, três pessoas foram indiciadas por participação no caso: o ex-petista Gedimar Passos, por ocultação de documentos, e os donos da casa de câmbio Vicatur, Fernando Ribas e Sirlei da Silva Chaves, por lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro.Diligências feitas na Vicatur apontam que a empresa usou laranjas em operações de compra de dólares. Em depoimento à PF, no entanto, os donos da Vicatur negaram que tivessem repassado os dólares à Hamilton Lacerda ou a outros membros do PT.