Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI)anunciou hoje (17) que 20 dos oito mil processos por compartilhamento de músicade forma ilegal na internet serão contra brasileiros. Essa é a primeira vez queo Brasil entra em uma leva de processos da federação, iniciado em 2004, e queeste ano tem como alvo 17 países.Segundo o presidente mundial da IFPI, John Kennedy, o Brasilé responsável por cerca de 5% do mercado ilegal de músicas baixadas pela internete apenas 1% da parte legal. Uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileirados Produtores de Discos (ABPD) aponta que 1,1 bilhão de arquivos digitais demúsica foram baixados ilegalmente no ano passado.“Sete em cada dez pessoas no mundo que baixam músicas na internetfazem de forma ilegal. Isso é uma apropriação do direito autoral. Se elaspagassem o valor correspondente a uma xícara de café, poderiam adquirirlegalmente uma obra de arte para o resto da vida”, disse Kennedy. “No Brasiltambém sete em cada dez músicas vendidas são de artistas nacionais. É precisopermitir que a próxima geração da cultura tenha chance”, argumentou.O diretor da ABPD, Paulo Rosa, explicou que as ações no paíssão contra pessoas que moram em regiões metropolitanas e colocam à disposiçãouma grande quantidade de música na internet pelo sistema de peer-to-peer(programas para baixar arquivos), em torno de três a seis mil músicas em média.“Essas serão as primeiras ações para que possam servir comouma mensagem clara de que não vale a pena fazer esse tipo de compartilhamentoilegal. Posteriormente, outros usuários, inclusive os responsáveis por criançasque adotem esses procedimentos ilegais, poderão ser alvo de processos”, dissePaulo Rosa.No Brasil, os cálculos da ABPD apontam que a quantidade demúsicas pirateadas pela internet corresponde anualmente a 75 milhões de CDs,além dos 40 milhões falsificados. Segundo Paulo Rosa, esses 115 milhões secontrapõem a um mercado legal de apenas 55 milhões de CDs. “Mais do que o dobroda música comercializada é ilegal no nosso país”, apontou. Esse cálculo é feitolevando em consideração que cada CD tem 14 faixas de músicas. Se multiplicarmos135 milhões por R$ 20, que é o preço médio de cada CD, dá para perceber oprejuízo”. O diretor da IFPI na América Latina, Raúl Vasquez, informouque o Brasil é o segundo maior mercado ilegal de música pirateada pela internetna região. O primeiro lugar fica com o México, responsável por cerca de 1,6bilhão de downloads ilegais. Em terceiro lugar vem a Argentina, com 500 milhões,seguida do Chile, com 400 milhões. Ele informou ainda que o México e aArgentina também fazem parte da lista de processos deste ano.