Iolando Lourenço e Alessandra Bastos
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A JustiçaFederal autorizou o envio à Comissão Parlamentar Mistade Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas de cópia doinquérito policial que investiga a negociação entre petistas e o empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin deum dossiê com documentos que envolveriam políticos dosPSDB com a compra superfaturada de ambulâncias. A decisãodo juiz Jefferson Schneider, responsável pelo caso, foi tomadaapós reunião com integrantes da CPI que viajaram àCuiabá.Os documentos devemchegar nesta terça-feira à CPI. Segundo o deputadoJúlio Delgado (PSB-MG), a Justiça enviará, alémdo inquérito, cópias do material apreendido na casa dosdonos da Planam, a quebra de vários sigilos telefônicos,como o do ex-assessor da campanha do PT ao governo de SãoPaulo Hamilton Lacerda, e o levantamento da origem de parte dosdólares apreendidos.Segundo Delgado, odelegado da Luiz Flávio Zampronha, responsável pelainvestigação da origem do dinheiro, conseguiu rastrearas casas de câmbio que venderam parte dos dólares,exatamente US$ 109,8 mil. Esse levantamento também seráenviado à Justiça Federal e à CPI dosSanguessugas.“Conseguimos a autorização dojuiz. Ele vai disponibilizar para a CPI as informaçõesdo inquérito. Assim como as quebras de sigilo e algum recursoque dá para se descobrir a origem que também éfruto de investigação da Polícia Federal. Masvamos ter que fazer quebrar outros sigilos e fazer outros cruzamentospara saber de onde vieram esses recursos”, explicou o deputado aoretornar de Cuiabá para Brasília.Delgado ainda cogitaque parte do dinheiro seja ilegal. “É dinheiro sujo, velho,sinal que estava guardado”, disse. Segundo ele, os saques tambémforam feitos de maneira “picada” em vários bancos. Entreos documentos apreendidos pela PF que estão entre os anexos doinquérito, a CPI quer analisar principalmente os extratosbancários encontrados na casa do dono da Planam, Luiz AntônioTrevisan Vedoin, após a prisão de Gedimar Passos eValdebran Padilha, acusados de tentar comprar o dossiê para oPT.O deputado Paulo Rubem Santiago acredita que os extratospodem revelar o “círculo de influência” do esquemade compras ilegais de ambulância por meio de emendasparlamentares e autorizações do Ministério daSaúde. Para ele, “há muito mais documentos, o dossiêparece uma piada se comparado ao material apreendido”, afirmou àAgência Brasil. Insistir na origem do dinheiro, segundo odeputado, não vai trazer o resultado esperado. “Jamais seidentificará a fonte de parte desses recursos porque sãofracionados”. Segundo ele, “foram juntando aos pouquinhos devárias partes”.Quatro sub-relatores daCPI foram a Cuiabá (MT) acompanhar as investigaçõesda Justiça Federal no Mato Grosso e da Polícia Federal:Carlos Sampaio (PSDB-SP), Júlio Delgado (PSB-MG), VanessaGraziotin (PcdoB-AM) e Paulo Rubem Santiago (PT-PE).