Pesquisadores de frutas da Amazônia discutem propostas comuns para obter recursos internacionais

27/09/2006 - 16h32

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Começou hoje (27) em Boa Vista, Roraima, uma oficina com 50pesquisadores que estudam frutas nativas da Amazônia. São cientistas de seisestados brasileiros (Piauí, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre) e decinco países vizinhos (Venezuela, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia). “Sãodiferentes instituições de pesquisa da Amazônia unidas para elaborar propostasconjuntas que tenham condições de competir nos editais internacionais definanciamento superconcorridos”, explicou à Radiobrás o pesquisador daEmpresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Milton Kanashiero.“Falta muito para conhecer a diversidade das fruteiras tropicais,principalmente com o olhar voltado para o mercado”, disse o pesquisador XavierScheldman, do Internacional Plant Genetic Resources Institute (Ipigri), o maiorinstituto mundial que trabalha com pesquisas em agrobiodiversidade nas Américas,África e Ásia. “Como os recursos são limitados, há que se fazer um exercícioimportante de priorização para decidir as espécies mais promissoras”, explicou.A Embrapa e o Ipigri são organizadores da oficina, em parceria com o ConsórcioIniciativa Amazônica para a Conservação e Uso Sustentável de Recursos Naturais– que nasceu no âmbito do Tratado de Cooperação Amazônica e reúne institutos depesquisa do Suriname, Colômbia, Equador, Bolívia, Brasil, Peru e Venezuela.“Estamos formando uma rede de trabalho voltada para melhoria de recursosgenéticos. Uma das ações será a troca de sementes e mudas entre os produtorespara sistemas agro-florestais (agricultura que não derruba a floresta)”,revelou o secretário-executivo da Iniciativa Amazônica, Roberto Porro. Entre os estudos que já vêm sendo desenvolvidos com as fruteiras tropicaisamazônicas, Porros citou a pesquisa dos recursos genéticos da pupunha, paraidentificação de espécies sem espinho. “Mas existem outras palmeiras poucaestudadas, como o tucumã, que vêm ganhando mercado”, lembrou. “O buriti, noPeru, é um dos principais alimentos da população rural. E o camu-camu tambémtem grande potencial, devido ao alto pelo teor de vitamina C”, completou. A fruticultura é um dos cinco temas da agenda integrada de pesquisa da Embrapana Amazônia (a instituição tem cinco unidades na região). Os outros temas são acultura da mandioca, o manejo de recursos florestais, o preparo de áreas paraplantio sem queimada e o manejo e recuperação de pastagens. “Estamosselecionado variedades de açaí para terra firme (a espécie é mais comum nasáreas alagadas). Também trabalhamos para tentar controlar a vassoura de bruxaem cupuaçus, desenvolvendo variedades mais resistentes à doença”, disseKanashiero.