Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um acordo assinado hoje (21) entre oMinistério da Saúde, a Secretaria municipal de Saúde do Rio e aUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vai promover pesquisa eformação de recursos humanos na área de Saúde Mental.
Oacordo prevê cursos de atualização e de residência médica parapsiquiatras, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e terapeutasocupacionais, supervisão clínica para melhorar a qualidade dos serviçose realização de pesquisas relacionadas ao funcionamento da rede deserviços de saúde mental, inclusive uma pesquisa de satisfação dospacientes e familiares. Além disso, haverá também a montagem de umbanco de dados com informações em saúde mental para o município e oestado do Rio.
Segundo o coordenador daárea técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde da Saúde, PedroGabriel, este é o primeiro de vários acordos que serão firmados em todoo país. “O Brasil tem uma rede de universidades federais que está emtodos os estados, e nós vamos celebrar esses convênios para colocar auniversidade dentro do Sistema Único de Saúde”.
Asações de capacitação e formação terão como foco os 22 mil profissionaisde nível superior que trabalham nos centros de atenção psicossocial(Caps), que funcionam em todo o território nacional, e também as 25 milequipes do programa Saúde da Família, que precisam ser treinadas naárea de saúde mental. “É uma tarefa gigantesca e nós estamos dando oprimeiro passo aqui no Rio de Janeiro”.
Deacordo com Gabriel, cerca de 12% da população brasileira necessita hojede tratamento na área de saúde mental, e o maior desafio para atenderessa demanda crescente é a disponibilidade de recursos humanos. “Temosescassez de profissionais. Não temos, por exemplo, psiquiatras emmunicípios de pequeno porte. Muitos estados, não têm terapeutasocupacionais, que são profissionais importantes para as oficinasterapêuticas”.
Gabriel explicou que oprocesso de reestruturação na psiquiatria, a chamada reformapsiquiátrica, ocorrido no país na década de 90, “mudou o perfil daformação no campo da saúde mental e mostrou a necessidade de ampliarcursos e escolas’’ e, até agora, este é um gargalo que precisa sersuperado.
O acordo foi celebradodurante a cerimônia de comemoração dos 40 anos do Instituto PhilippePinel e da Associação Brasileira dePsiquiatria.
Hospitalpsiquiátrico administrado pela prefeitura do Rio a partir de 2002, oInstituto Philippe Pinel foi criado em 1966 e teve seu trabalho sempreassociado à UFRJ. O instituto foi um dos pioneiros na implantação denovos métodos no tratamento psiquiátrico e no estabelecimento de umanova visão da saúde mental como um processo que envolve, além deaspectos orgânicos e psicológicos, a dimensão social.
Odiretor do instituto, Mário Barreira Campos, disse que o Pinel é “umdos principais lugares de criação de modelos alternativos, tanto naárea de assistência quanto na área de recursos humanos em saúde mental”.
Em1994, foi criado no instituto um programa de residência integrado emsaúde mental em que, junto com o programa de residência médica empsiquiatria, profissionais de psicologia, serviço social e enfermagempassaram a serem treinados também para o trabalho em equipe nestaárea.
Inovações naassistência aos pacientes também foram feitas no Pinel. Desde 1994, porexemplo, as enfermarias foram abertas, permitindo aos pacientescircular pelo hospital, o que não acontecia em outras instituições.
NoBrasil, a substituição do modelo psiquiátrico, com implementação dosCaps, foi feita nos últimos 10 anos. Conforme o levantamento “AvaliarCaps 2005”, realizado no ano passado pelo Ministério da Saúde, o novosistema de atendimento permitiu que se reduzisse o número deinternações de pacientes graves em comparação com o período em que eramatendidos pelo sistema de ambulatório e hospital. A pesquisa tambémindicou aumento na participação dos parentes, que passaram a serparceiros no tratamento.