Comunidades quilombolas do Maranhão discutem moradia, renda e saúde

22/09/2006 - 20h21

Angelina Guedes
De A Voz do Brasil
Brasília - Com o tema Território, Gênero e Legislação Brasileira, o 8º Encontro de Comunidades Negras Quilombolas do Maranhão discute até domingo (24), na cidade de Itapecuru-Mirim (MA), problemas de moradia, renda e saúde. O encontro, iniciado ontem (21), realiza-se a cada três anos e a expectativa é de que seja assinado um acordo com a Caixa Econômica Federal para garantir a construção de casas em territórios quilombolas. Com o Banco do Brasil, será firmada uma parceria para melhorar a renda da comunidade. Para a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a maior demanda histórica dos quilombolas é a regularização fundiária. Ela disse ainda que "o que se visualiza com esse encontro é discutir as questões da legislação, no que diz respeito às questões fundiárias, ao fortalecimento das questões territoriais e também ao fortalecimento da organização das mulheres". E informou que "a partir dos debates desse encontro será apresentada ao governado federal uma proposta de reorganização da demanda do estado, para atendimento às necessidades dessa comunidade".  O Maranhão tem o maior número de comunidades quilombolas no país: de acordo o governo estadual, são quase 650. O presidente da Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do estado, Francisco da Conceição, lembrou que "antigamente não tínhamos representantes, alguém tinha que falar por nós, mas hoje isso não acontece mais: temos que mostrar que estamos vivos e que as decisões sejam coletivas para que nos tornemos mais objetivos”.A escolha de Itapecuru para sediar o encontro é uma homenagem ao Negro Cosme, que comandou a luta contra a escravidão reunindo negros fugitivos e invadindo fazendas para libertar os que ainda estavam escravizados. Durante a revolta conhecida como Balaiada, Cosme liderou 3 mil negros mas foi preso e assassinado pelas tropas do Duque de Caxias na cidade de Itapecuru-Mirim, no dia 20 de setembro de 1842.