Tecnologia não garante qualidade na segurança pública, diz diretor da Senasp

01/09/2006 - 20h29

Isabela Vieira
Da Agência Brasil
Brasília - O diretor de Políticas e Projetos da Secretaria Nacional deSegurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, Robson Rubin da Silva,alertou hoje (01) que “colocar um policial sem a devida qualificação dentro deum carro de última geração não é estratégia de segurança pública, não éestratégia de construção de cidadania”. Ao participar de debate sobre direitos humanos na formaçãodos profissionais das polícias e da Justiça, Rubin disse que a tecnologia ajudaa solucionar os crimes e conflitos, mas ressaltou que o essencial é a formaçãohumana que um policial deve receber. “Hoje temos excelentes viaturas, excelentes sistemas decomputação e policiais vacilantes em valores, ações, em capacidade de mediarconflito, de atender uma mulher vítima de violência”, afirmou.O diretor da Senasp disse que a formação dos policiasnormalmente conta com aulas de direitos humanos, mas têm poucas horas e estãodescoladas das outras disciplinas. “O ideal é que nas instruções de tiro, porexemplo, o professor não ensine apenas o manuseio, a desmontagem da arma. Deveser discutido como é tirar a vida de alguém, o que é lesionar, o que issorepresenta e o que leva aquele ser humano a cometer um delito”, defendeu. O professor Julio Alejandro, da Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio Grande do Sul, também fez críticas a atuação da polícia,afirmando que historicamente “o papel da polícia nunca foi direcionado para agarantia dos direitos humanos”. E sugeriu que a formação dos policiasprivilegie a integração com comunidade, movimentos sociais e mudanças sociaisque melhorem a vida das pessoas. O debate fez parte do I Congresso Interamericano de Educaçãoem Direitos Humanos, que começou nesta quarta-feira e termina amanhã (2). Oevento reúne representantes de órgãos públicos, especialistas de diversas áreasdo Brasil e de outros países, como Noruega e Costa Rica.