Conselho de Medicina divulga novo relatório sobre mortes na primeira onda de ataques em São Paulo

01/09/2006 - 20h34

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Dos 493 suspeitos mortos em confrontos com a polícia durante a primeira onda de ataques atribuídos a facções criminosas no estado, em maio, 431 foram atingidos por disparos a longa distância (87,42% dos casos), 51 por disparos a curta distância e 11, por disparos encostados ao corpo, de acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).Os dados foram divulgados hoje (1) e constam de relatório entregue ao Ministério Público Estadual, ao Ministério Público Federal e à Defensoria Pública estadual, que analisa 493 laudos necroscópicos de mortes associadas a ferimentos por armas de fogo no período de 12 a 20 de maio. Os laudos devem ajudar a avaliar se houve abuso policial no confronto contra supostos participantes dos ataques que ocorreram por todo o estado paulista no mês de maio.O relatório, de análise qualitativa, complementa outro que foi entregue às autoridades no dia 12 de junho. Produzido por profissionais do Departamento de Fiscalização do Cremesp, o documento é referendado pelos médico-legistas que compõem a Câmara Técnica de Medicina Legal do Conselho. E acrescenta análise do perfil das vítimas (sexo e idade), avaliação do número total de disparos, regiões do corpo atingidas, distância dos disparos e análise das lesões. Essas análises não levaram em consideração aspectos como o “cenário, circunstâncias e autoria dos crimes, nem informações sobre a inserção social das vítimas ou pessoas envolvidas nos conflitos que geraram os óbitos analisados”, segundo o Cremesp.O documento aponta que 96,3% dos mortos (475 casos) eram do sexo masculino e apenas 18, do feminino. A maioria era jovem, com idade entre 21 e 31 anos (45% dos casos). A análise também constatou que 2.359 tiros foram disparados contra as 493 vítimas – uma média de 5,8 tiros disparados por pessoa no dia 15 de maio (máxima) e 3,7 tiros disparados por óbito no dia 12 de maio (mínima). Os ferimentos, ainda de acordo com o relatório, ocorreram principalmente no tórax (719 disparos ou 30,48%), seguidos por ferimentos na cabeça e pescoço (649 disparos ou 27,51%), nos membros superiores (391 disparos ou 16,57%), no abdome (341 disparos ou 14,45%) e nos membros inferiores (233 disparos ou 9,87%). São consideradas áreas vitais o crânio, o tórax e o abdôme.O primeiro relatório do Cremesp já havia observado um pico no registro de óbitos referentes ao dia 15 de maio, quando 117 corpos chegaram aos Institutos Médicos Legais (IML) de todo o estado. Também foi registrado grande número de ocorrências nos dias 14 de maio (82 óbitos) e 16 de maio (89 óbitos). Das 493 mortes ocorridas no período, 163 referem-se apenas à cidade de São Paulo.