Agência Brasil
Brasília - O corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica anual de juros (Selic) anunciado hoje (30) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi recebido com críticas por representantes da indústria e por centrais sindicais. A taxa caiu de 14,75% para 14,25% ao ano – a 11ª queda desde setembro de 2005, quando estava em 19,75% ao ano. Em nota, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Moreira Ferreira, defendeu um corte mais ousado: "O ritmo contido da atividade econômica e as projeções cada vez mais consensuais acerca do cumprimento, com folga, das metas de inflação para 2006 e 2007 permitem concluir que os juros reais seguem em patamar excessivamente elevado". Na opinião dele, com a taxa real de juros próxima de 10% ao ano, a economia não retomará o caminho do crescimento sustentado.Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), "o Copom permanece insensível aos apelos dos trabalhadores" e a redução anunciada hoje "é tímida". A nota da central afirma ainda que "precisamos de desenvolvimento acelerado, mais e melhores empregos, e ampliação dos investimentos em políticas sociais". Já a Força Sindical lamenta, em nota, que a taxa não tenha caído "mais de um ponto percentual" e justifica: "Uma taxa menor facilitaria a campanha salarial de cerca de 3,3 milhões de trabalhadores do país, da base da Força Sindical, que têm data-base de julho a dezembro". E a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) divulgou declaração de seu presidente, Canindé Pegado, para quem "decisões do Copom têm sido a sepultura das empresas no Brasil". Ele alerta que "se continuar assim, outros casos como o da Volks vão surgir e criar mais desemprego".O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, afirma em nota que "a produção lamenta" a decisão do Copom e que "a trajetória de queda da taxa Selic mais uma vez mantém o seu ritmo tímido e não compromissado com o crescimento". E o diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof, destaca que "além de não crescermos acima de 3,5% neste ano, com a lentidão e a excessiva cautela do Copom começamos a comprometer a expansão da economia em 2007".