Quanto maior o grau de instrução maior a diferença salarial entre sexos, diz economista

30/08/2006 - 13h02

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Quanto maior o nível de escolaridade, maior a diferença salarial entrehomens e mulheres. A constatação é do economista do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Antônio Marcos Ambrozio,coordenador da publicação “Visão do Desenvolvimento” – um estudo do banco paradetalhar melhor os indicadores sociais do país.Elaborado a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados(Caged) e Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério doTrabalho, sobre rendimento e emprego nos últimos dez anos no país, a publicaçãoconstatou que o salário médio real dos homens superou o feminino em todo osanos, entre 1996 e 2005.Os salários reais médios a preços de 2005 dos homens admitidos entre 1996 e2005 foram de R$ 614, enquanto o das mulheres ficou em R$ 556.Analisando o documento do ponto de vista do grau de escolaridade, orendimento médio tanto dos homens como das mulheres mostra-se crescente com oavanço do nível de instrução, embora o salário médio real dos homens tenhasuperado o das mulheres em todos os níveis de escolaridade considerados peloestudo. O diferencial foi maior, no entanto, para os trabalhadores com nível deescolaridade mais elevado: acima do ensino médio as mulheres auferiram em médiaapenas 63% do salário real médio do dos homens, constata no estudo o economistado BNDES.Em contrapartida, é exatamente entre os trabalhadores com menor grau deescolaridade que os vencimentos de homens e mulheres mais se aproximam: entre ocontingente de trabalhadores com instrução até a quarta série, o rendimentomédio real das mulheres equivaleu, em média, a 82% da remuneração dos homens.Já entre os analfabetos, o rendimento médio real das mulheres foi em médiasuperior ao dos homens.  Com base nos dados da Rais de 2004, o estudo concluiu que, entre asocupações com remuneração média acima de R$ 3 mil, a participação femininaestava “sub-representada”, com 26% do total das vagas. O levantamento abrange dirigentes de empresas e organizações de quatrocategorias profissionais - que não de interesse público: pesquisadores,profissionais de ciências exatas e de ciências jurídicas.Para o economista do BNDES, no entanto, o acesso limitado a ocupações maisbem remuneradas explica apenas “em parte” o diferencial de rendimento: nasquatro ocupações consideradas no estudo, o salário médio feminino comoproporção do salário médio masculino variou de 42%, no caso de dirigentes, a87% no dos profissionais de ciências jurídica. “A conclusão a que se chega é que, além do fato de as mulheres terem acessolimitado a cargos de chefia nas firmas, seus salários nesses postos sãoinferiores aos dos homens”.